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CARLOS HEITOR CONY
Gran Circo Brasileiro
RIO DE JANEIRO - O mais complicado é arranjar uma lona de boa
qualidade que cubra os
8.514.876,599 de quilômetros do
território nacional. Uma lona que
custa os olhos da cara, mas que a legislação permite que seja rateada
por uma vaquinha presidida pelo
tribunal competente e por doações
de patrióticas empresas e instituições, além, é claro, de todos os candidatos e eleitores que de alguma
forma gastam em propaganda e
deslocamentos por terra, mar e ar.
O espetáculo é ecumênico, no
qual participam todas as ideologias, inclusive daqueles que não
têm qualquer ideologia.
Há números emocionantes de
equilibristas e trapezistas, não faltando nem mesmo um palhaço profissional que adotou o nome de
uma gramínea muito abundante no
país. Nada mais patético do que um
circo sem palhaço e que um palhaço sem circo.
Na realidade, o interesse pelo espetáculo, que emociona o público
sempre respeitável de todos os circos do mundo, fica por conta do casal protagonista, em torno do qual
giram todos os coadjuvantes e figurantes, incluindo alguns observadores estrangeiros que se dedicam
a observar a trama principal e as
tramas secundárias do espetáculo.
Há participações especiais, como a do papa gloriosamente reinante, que advertiu candidatos e
eleitores em geral sobre determinados pontos do roteiro original, que
incluía o aborto, o casamento de
homossexuais e o uso de camisinhas -um artefato de borracha que
impede gestações indesejadas e
vergonhosas moléstias.
Além do papa, há a participação
entusiástica e também especial de
cientistas políticos, economistas,
pesquisadores de opinião pública,
ambientalistas, marqueteiros e mídia em geral. De quatro em quatro
anos tudo é remontado, porque o
show tem de continuar.
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