São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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CARLOS HEITOR CONY

Gran Circo Brasileiro

RIO DE JANEIRO - O mais complicado é arranjar uma lona de boa qualidade que cubra os 8.514.876,599 de quilômetros do território nacional. Uma lona que custa os olhos da cara, mas que a legislação permite que seja rateada por uma vaquinha presidida pelo tribunal competente e por doações de patrióticas empresas e instituições, além, é claro, de todos os candidatos e eleitores que de alguma forma gastam em propaganda e deslocamentos por terra, mar e ar.
O espetáculo é ecumênico, no qual participam todas as ideologias, inclusive daqueles que não têm qualquer ideologia.
Há números emocionantes de equilibristas e trapezistas, não faltando nem mesmo um palhaço profissional que adotou o nome de uma gramínea muito abundante no país. Nada mais patético do que um circo sem palhaço e que um palhaço sem circo.
Na realidade, o interesse pelo espetáculo, que emociona o público sempre respeitável de todos os circos do mundo, fica por conta do casal protagonista, em torno do qual giram todos os coadjuvantes e figurantes, incluindo alguns observadores estrangeiros que se dedicam a observar a trama principal e as tramas secundárias do espetáculo.
Há participações especiais, como a do papa gloriosamente reinante, que advertiu candidatos e eleitores em geral sobre determinados pontos do roteiro original, que incluía o aborto, o casamento de homossexuais e o uso de camisinhas -um artefato de borracha que impede gestações indesejadas e vergonhosas moléstias.
Além do papa, há a participação entusiástica e também especial de cientistas políticos, economistas, pesquisadores de opinião pública, ambientalistas, marqueteiros e mídia em geral. De quatro em quatro anos tudo é remontado, porque o show tem de continuar.


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