São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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EMÍLIO ODEBRECHT

Segurança no trabalho

Ainda ecoam mundo afora as exclamações de alegria e as saudações solidárias aos 33 mineiros chilenos resgatados, há pouco mais de duas semanas, do fosso onde permaneceram presos por mais de dois meses.
Foi um feito notável de uma equipe que demonstrou competência, disciplina e amor no trabalho de resgate. Por dever de justiça, devemos aclamar o heroísmo dos cinco socorristas que arriscaram espontaneamente as próprias vidas para salvar vidas alheias.
Como não poderia deixar de ser, questões relacionadas à saúde e à segurança no trabalho entraram na agenda da imprensa mundial. Espero que lá permaneçam.
Olhemos para o Brasil. É inegável que temos alcançado consistentes progressos neste campo, em vários segmentos da atividade produtiva. Alguns já ostentam padrões internacionais de excelência.
A legislação brasileira também evoluiu e contém hoje um extenso conjunto de procedimentos e determinações que nos colocam em posição de vanguarda. Mas ainda há muito por fazer.
Ao longo de minha carreira profissional, conheci lugares e regiões com grande diversidade quanto à teoria e à prática em segurança no trabalho, e um aprendizado foi definitivo: o de que a legislação é o ponto de partida obrigatório, porém insuficiente, para nos levar à excelência.
Tampouco a presença do Estado, em seu papel necessário de fiscalizador, assegura que o trabalhador tenha tudo o que precisa para fazer determinadas tarefas. Alguns dos nossos melhores desempenhos ocorreram em países com culturas incipientes em segurança.
O que fez a diferença foi a capacidade que líderes tiveram de motivar, envolver e atuar com espírito de servir; influenciar pelo exemplo, com disciplina e conhecimento; avaliar e reconhecer os bons resultados como conquistas de cada um e de todos.
Da mesma maneira que a preservação da saúde é responsabilidade indelegável de cada indivíduo, que para tal deve ser educado desde a infância, a segurança depende fundamentalmente do trabalhador, consciente e preparado para cuidar de si próprio e zelar por seus companheiros.
Conseguimos quebrar vários tabus, principalmente aquele segundo o qual os riscos inerentes à atividade produtiva nos impõem conviver com acidentes.
Com a eliminação dos acidentes, melhoramos os níveis de produtividade, conquistamos o reconhecimento de clientes e comunidades, atraímos bons profissionais e conseguimos transformar o mundo do trabalho em ambiente de realização, não de medo.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

emilioodebrecht@uol.com.br


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