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ELETRICIDADE NO AR
O tema da energia elétrica voltou a ocupar as primeiras páginas da imprensa por dois motivos relevantes: o uso do seguro-apagão para sanar problemas que se anunciam
no Nordeste e o anunciado final da
novela envolvendo as relações entre o
BNDES e a empresa AES, controladora da Eletropaulo.
No primeiro caso, o alerta é inequívoco: a situação energética no Brasil
permanece preocupante, estando o
país ainda sujeito a crises de abastecimento. São necessários investimentos de vulto. Sem eles corre-se o risco
de mais uma vez, como já aconteceu
em 2001, um processo de crescimento econômico ser abortado pela insuficiente oferta de energia.
O segundo caso é parte do primeiro. Como se sabe, a privatização do
setor elétrico na gestão Fernando
Henrique Cardoso foi um desastre
agravado pela crise cambial, circunstância que gerou um quadro oposto
àquele desejável. Tarifas em alta, empresas endividadas e baixo investimento -essa foi, infelizmente, a
realidade dos últimos anos.
A AES, empresa norte-americana
que adquiriu uma estratégica fatia da
distribuição de energia, encontrava-se em grave situação financeira. Suas
dívidas com o BNDES passavam dos
R$ 3 bilhões. As tratativas para um
acordo vinham se arrastando ao longo dos últimos 11 meses. Finalmente, na segunda-feira anunciou-se a
conclusão do acerto para reestruturar a dívida das subsidiárias do grupo
norte-americano com o banco. O
BNDES tornou-se sócio da AES numa nova holding, que recebeu o nome de Brasiliana Energia.
Espera-se que o anúncio de fato se
efetive e que as pendências restantes
sejam resolvidas. Não havia solução
sem custo para esse caso. O BNDES
estava ameaçado de arcar com um
enorme prejuízo. No final, fez-se o
que parecia pragmático e possível.
Além disso, representa menos um
problema num ambiente ainda conturbado pela reformulação do setor
energético proposta pelo governo
por meio de medida provisória.
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