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São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

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ELETRICIDADE NO AR

O tema da energia elétrica voltou a ocupar as primeiras páginas da imprensa por dois motivos relevantes: o uso do seguro-apagão para sanar problemas que se anunciam no Nordeste e o anunciado final da novela envolvendo as relações entre o BNDES e a empresa AES, controladora da Eletropaulo.
No primeiro caso, o alerta é inequívoco: a situação energética no Brasil permanece preocupante, estando o país ainda sujeito a crises de abastecimento. São necessários investimentos de vulto. Sem eles corre-se o risco de mais uma vez, como já aconteceu em 2001, um processo de crescimento econômico ser abortado pela insuficiente oferta de energia.
O segundo caso é parte do primeiro. Como se sabe, a privatização do setor elétrico na gestão Fernando Henrique Cardoso foi um desastre agravado pela crise cambial, circunstância que gerou um quadro oposto àquele desejável. Tarifas em alta, empresas endividadas e baixo investimento -essa foi, infelizmente, a realidade dos últimos anos.
A AES, empresa norte-americana que adquiriu uma estratégica fatia da distribuição de energia, encontrava-se em grave situação financeira. Suas dívidas com o BNDES passavam dos R$ 3 bilhões. As tratativas para um acordo vinham se arrastando ao longo dos últimos 11 meses. Finalmente, na segunda-feira anunciou-se a conclusão do acerto para reestruturar a dívida das subsidiárias do grupo norte-americano com o banco. O BNDES tornou-se sócio da AES numa nova holding, que recebeu o nome de Brasiliana Energia.
Espera-se que o anúncio de fato se efetive e que as pendências restantes sejam resolvidas. Não havia solução sem custo para esse caso. O BNDES estava ameaçado de arcar com um enorme prejuízo. No final, fez-se o que parecia pragmático e possível. Além disso, representa menos um problema num ambiente ainda conturbado pela reformulação do setor energético proposta pelo governo por meio de medida provisória.


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