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KENNETH MAXWELL
A década
EM SUA REVISÃO sobre a década que se está encerrando, o
jornal "Financial Times",
nesta semana, incluiu o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em sua
lista de 50 "líderes mundiais mais
influentes". O jornal também
apontou o ex-presidente norte-americano George W. Bush para
sua lista de vilões, que ele compartilha com o seu maior rival, o arisco arquiterrorista Osama bin Laden.
Acompanhado de líderes empresariais inovadores como Jeff Bezos, da Amazon.com, e Larry Page e
Sergey Brin, do Google, Lula foi escolhido, de acordo com o "Financial Times", porque é "o líder mais
popular" na história do Brasil e devido ao seu "charme e capacidade
política... bem como pela baixa inflação e pelos programas eficientes
de transferência de renda aos mais
pobres". Muita gente agora antecipa que o Brasil pode vir a se tornar
a quinta maior economia mundial
em 2020, o que resultaria em
mudança duradoura na ordem internacional.
Lula é indubitavelmente o novo "astro" internacional do momento.
Tanto o diário parisiense "Le Monde" como o jornal espanhol "El
País" o escolheram como "homem
do ano". Com a aproximação da eleição presidencial no Brasil, no
ano que vem, para a escolha do sucessor de Lula pelo povo brasileiro,
vale a pena parar por um momento
para avaliar o significado dessa euforia e questionar se ela é ou não justificada.
Há, evidentemente, muito a dizer em favor de Lula. O Brasil
emergiu fortalecido da atual crise
econômica mundial. A economia
do país se diversificou, e o Brasil
desenvolveu lucrativos relacionamentos internacionais, especialmente com a China. Hoje, 14 das
100 maiores multinacionais emergentes são brasileiras, e grandes
empresas, como a Brazil Foods, a
JBS-Friboi, a Gerdau e CNS, a Vale,
a Odebrecht e a Camargo Corrêa,
são capazes de concorrer com força
nos mercados internacionais. Em 2010, a expectativa é que o crescimento chegue a 5%.
Restam obstáculos, evidentemente, e eles são bem conhecidos
dos brasileiros. O sistema político e
judicial é disfuncional, de muitas
maneiras. Os desequilíbrios em
termos de interesses e de influência política regionais são bem conhecidos, mas difíceis de mudar.
Muitos dos integrantes da classe política são venais. A popularidade
de Lula pode ou não ser transferível, e só o tempo dirá.
Mas, em termos gerais, o Brasil
está prestes a encerrar a primeira
década do século 21 em posição
muito forte, tanto no âmbito doméstico como no internacional.
Boa parte do crédito por essa realização deve ser atribuído ao bom
humor, à astúcia política e às escolhas políticas muito cuidadosas do
presidente brasileiro.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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