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MINIPACOTE DE ANO NOVO
Correndo contra o relógio, o governo federal apresentou ontem um remendo fiscal para compensar a própria incúria na renovação legal da vigência da CPMF e a obstinada resistência do Congresso em cobrar contribuições de servidores inativos.
O Planalto não enviou a tempo ao
Congresso projeto para prorrogar a
cobrança da CPMF. No Parlamento,
dadas as defecções na base governista, não se conseguiu que o funcionalismo passasse a colaborar para diminuir o enorme déficit do sistema
de aposentadoria do setor público.
A conjunção dessas falhas faz com
que o país assista, nas vésperas da
virada do ano, à conturbada e improvisada tentativa do governo de evitar
que o pacote fiscal faça água e que
fiquem ameaçados, portanto, o acordo com o FMI e a sustentabilidade
das frágeis finanças nacionais. Agregou-se à desesperada iniciativa arrecadadora um corte adicional, sempre
doloroso, no gasto público.
Dadas a situação de emergência e as
condições em que foi elaborado, o
minipacote foi politicamente hábil
no que diz respeito à distribuição da
nova carga fiscal. Pelo menos à primeira vista, parece que se procurou
evitar dano maior a um sistema tributário por demais remendado e que
já impõe pesada carga fiscal.
Anteciparam-se receitas de privatização, que por meio de um artifício
legal passam a cobrir gastos correntes. Tentou-se compensar a perda de
arrecadação da CPMF com um quanto possível equivalente aumento do
IOF. Mais polêmica e de efeitos ainda
imprevisíveis foi a alteração na regra
da cobrança da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido, o que deve gerar um aumento expressivo na carga
desse imposto.
Lamentavelmente, a sociedade pouco pode fazer por ora além de assistir
atônita a essa tentativa de evitar um
desastre fiscal-financeiro. Passada a
situação de emergência aguda, porém, o país decerto vai cobrar mais
eficiência e senso de responsabilidade fiscal de seu Parlamento e do governo federal.
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