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Duração das paralisações de servidores federais triplicou Para governo, ano eleitoral e fim de acordos salariais estimularam aumento das greves em 2010 após dois anos de recuo dos movimentos DE SÃO PAULOA duração média das greves dos servidores federais mais que triplicou no ano eleitoral de 2010, para 39,2 dias. Foi o segmento que apresentou a maior alta. Nos dois anos anteriores, a duração e o número de greves havia recuado, reflexo dos mais de 30 acordos coletivos firmados entre 2007 e 2008 com diversas categorias. Esses acordos fixaram reajustes até 2010, o que reduziu o movimento grevista. Com o fim dos acordos, as greves voltaram no ano passado. Os funcionários do Ministério do Trabalho, por exemplo, pararam por mais de seis meses por reestruturação da carreira, sem sucesso. Segundo o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, no cargo desde 2007, as greves ficaram mais longas por causa da eleição: "As categorias fizeram a leitura de que o governo fica enfraquecido em ano eleitoral. Mas não podíamos assumir compromissos para 2011, quando mudaria o governo". Durante o governo Lula, a despesa com pessoal saltou de R$ 75 bilhões para R$ 183 bilhões, mas manteve-se em cerca de 5% do PIB (Produto Interno Bruto), ressalta ele. A orientação da nova presidente, Dilma Rousseff, foi de apertar os cintos por causa da crise externa. Segundo Duvanier, a maioria das categorias entendeu o novo contexto "de restrição severa do orçamento" e não parou. Depois de 23 greves em 2010, só duas categorias pararam neste ano, afirma: a dos servidores dos institutos de ensino técnico e a dos funcionários administrativos das universidades (paralisação de mais de três meses). Já entre as estatais, a greve nos Correios durou 28 dias (a maior desde 1994). Segundo Rivaldo da Silva, presidente da categoria, a paralisação se estendeu porque o governo não aceitou negociar sem suspensão da greve. "O governo Dilma não tem a mesma postura do governo Lula, que era mais próximo dos movimento sociais", diz. Para o professor José Dari Krein, do Centro de Estudos Sindicais da Unicamp, a duração das greves continuou aumentando em 2011, nos setores público e privado. Segundo ele, o desemprego baixo dá mais segurança para o trabalhador se arriscar em greves. Já a inflação alta deixa o empregador menos inclinado a dar ganhos reais. A greve dos bancários deste ano durou 21 dias e foi a maior desde 2004. A dos operários da Volkswagen no Paraná foi recorde (37 dias). Segundo José Silvestre, do Dieese, é difícil estimar os prejuízos que as paralisações trazem para a sociedade. O Banco Central atribuiu à greve dos bancários a alta da inadimplência em outubro, por exemplo. Com agências fechadas, os credores tiveram dificuldade em negociar e recorrem a crédito caro, como cartão e cheque especial. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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