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Janio de Freitas

São elas, sempre elas

Ideia de cisão do PA contou com força tão poderosa quanto bem encoberta, a das grandes empreiteiras

Mal terminou a contagem vitoriosa dos "não" à divisão do Pará, entrou em campo a alternativa para os derrotados: a mudança da capital Belém para uma região mais central no Estado, na área do que seria o Estado de Tapajós.

Tradução da alternativa: a construção de uma cidade, dos edifícios para os poderes institucionais e seus subprodutos, de extensas estradas, abastecimento de água, bairros e adendos como hospitais e escolas. Uma Brasília paraense a nascer em meio à floresta amazônica.

À parte as boas razões que eventualmente tenham os favoráveis à divisão do Estado, essa antiga ideia contou, para seu reaparecimento forte e meio fora de época, com uma força motriz tão poderosa e ativa quanto bem encoberta e acobertada. Foram e são elas, elas sempre. As grandes empreiteiras.

A alternativa de mudança da capital aparenta um problema preliminar: o Pará não dispõe de dinheiro para tanto. Problema para o Estado, não para os patronos velados do plano: o velho e perdulário BNDES, que agora mesmo se vê presenteado com outra injeção de R$ 25 bi do Tesouro Nacional, é uma casa em que as grandes empreiteiras têm toda a intimidade. E nenhum problema para ver-se financiadas, apesar de seus imensos caixas, e tornar financiados os seus contratantes.

ESCURIDÃO

A advertência enérgica de Dilma Rousseff, de recusa absoluta a intervenções partidárias "no interior do governo", não ficou clara no sentido nem no propósito. Pode ter relação com algo presente, e não percebido bem, ou com o futuro. Esse, aliás, objeto de mais uma advertência, talvez parente da outra: não haverá "a grande reforma do ministério em janeiro", da qual tanto falam alguns políticos e muitos jornalistas.

Reforma ampla, a rigor, não se mostra necessária. É um ministério sem brilho, propriamente, mas, para o que o governo temeroso da crise externa pretendeu neste ano, em geral esteve à altura -com três ou quatro pontos mais elevados. À altura sobretudo porque, exceto os três ou quatro, a presidente preferiu tratar com os segundos e terceiros nos ministérios. Técnicos e não políticos.

Além disso, como e onde obter indicações partidárias que deem brilho a um novo ministério? Se isso fosse possível, teríamos Câmara e Senado iluminados por bom número de brilhos individuais. São muito escassos, no entanto, e ainda menos poderiam entrar no governo.

A política está muito fosca.

ATRASADOS

A volta de militares à direção (ou comando?) da aviação civil -assunto levantado por Carlos Monfort na GloboNews- seria a antissolução da não solução. As direções civis ainda não acertaram em nada, muito ao contrário. Mas tudo o que lhes cabe consertar vem do atraso deixado pela direção militar.

O melhor a fazer talvez seja eliminar delimitações rígidas. E combinar militares de maior competência reconhecida em determinada área, quando os houver, e civis, idem, em outras.

Certo mesmo é que a situação de tudo o que se refere ao transporte aéreo brasileiro é indecentemente atrasado, caótico e indignante.

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