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Educadores temem Mercadante no MEC

Dirigentes da educação básica lembram críticas de petista ao sistema de ciclos, que é defendido por técnicos da pasta

Nome do ministro da Ciência e Tecnologia tem boa receptividade entre os reitores das universidades federais

ANTONIO GOIS
DO RIO

O nome de Aloizio Mercadante para o MEC causa apreensão em dirigentes da educação básica, mas tem boa receptividade entre reitores de universidades federais, que têm bom diálogo com ele em sua atual função de ministro da Ciência e Tecnologia.

O "Painel" da Folha informou ontem que a presidente Dilma Rousseff escolheu Mercadante como sucessor de Fernando Haddad, que deixará o cargo para disputar a Prefeitura de São Paulo.

A Folha apurou junto a lideranças do setor e a secretários de Educação que um dos temores é que Mercadante, justamente por vir da pasta de Ciência e Tecnologia, mais ligada a temas relacionados ao ensino superior, dê prioridade a esta área em detrimento dos investimentos no ensino básico.

Há também inquietação de gestores da educação básica com posicionamentos feitos no passado pelo ministro em relação a alguns temas, como a política de ciclos e o uso de tecnologia em sala de aula.

CAMPANHA DE 2010

Em sua campanha para o governo do Estado no ano passado, uma das bandeiras de Mercadante foi o fim do que ele chamou de aprovação automática. O Ministério da Educação, no entanto, é favorável ao sistema nas séries iniciais do ensino fundamental, para dar mais tempo para o aluno aprender antes de ser reprovado precocemente.

Como gestor federal, Mercadante não teria autonomia para acabar com o chamado sistema de ciclos -como é conhecida esta política- no país, mas o Ministério da Educação tem papel fundamental de indutor.

Outra preocupação de dirigentes da educação básica é a excessiva ênfase, na avaliação de algumas lideranças e especialistas, no uso da tecnologia. Quando candidato ao governo do Estado, ele chegou a prometer dar um laptop para cada professor. Os estudos sobre o impactos dessas tecnologias no aprendizado dos alunos, no entanto, ainda são inconclusivos.

Os dirigentes da educação básica consultados pela Folha torciam por uma solução caseira, do atual secretário-executivo da pasta, José Henrique Paim Fernandes. O "Painel" informou, no entanto, que Dilma preferiu justamente um nome de peso.

Haddad, ao assumir o ministério em 2005, era um quadro técnico do PT, sem peso político, e iniciou sua gestão no ministério dialogando muito com secretários municipais e estaduais.

Mercadante, ao contrário, é um nome histórico do partido. O receio dos secretários é que ele promova mudanças bruscas e impostas sem consulta aos secretários.

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