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Analistas veem conflito em metas federais

Avaliação é a de que é impossível atingir simultaneamente todos os objetivos econômicos traçados pelo governo para 2012

Planalto quer aumentar o crescimento, reduzir a inflação, acelerar os investimentos e conter alta dos gastos públicos

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Analistas consideram que as principais metas econômicas do governo para 2012 são incompatíveis.

O Planalto quer elevar o crescimento e ao mesmo tempo trazer a inflação para perto da meta de 4,5%. Pretende ainda acelerar investimentos e, simultaneamente, conter a alta dos gastos públicos.

A primeira missão é impossível, afirmam economistas. A segunda é muito difícil e vai depender de um forte aumento da arrecadação, o que é improvável, dizem, devido ao crescimento mais modesto esperado para este ano.

As metas para 2012 são: crescer de 4% a 5%; levar a inflação para menos de 5%; acelerar investimentos; e obter superavit primário (economia para pagar juros da dívida) de 3,1% do PIB.

"Essas quatro promessas em conjunto não são possíveis de serem cumpridas" diz o economista José Márcio Carmargo, da PUC-Rio.

Segundo levantamento semanal feito pelo BC (Banco Central) com 90 instituições, o mercado projeta crescimento de 3,3% neste ano.

A expectativa de expansão mais modesta é reflexo da crise externa e do efeito estatístico decorrente do fraco desempenho da economia no segundo semestre de 2011.

Para o país crescer 3,3% em 2012, a economia estará na prática mais aquecida do que esse número faz supor.

Por causa disso, a maioria dos analistas vê pouco espaço para a queda da inflação. Eles estimam que ela recuará do atual patamar de 6,5%, mas deve ficar acima de 5%.

Não significa que as projeções são infalíveis, nem que as metas do governo isoladamente são inalcançáveis, mas há uma correlação entre crescimento e inflação que torna incompatível as duas metas.

O governo tem ferramentas para estimular a economia a ponto dela crescer 4% ou 5%, mas, nesse caso, é inevitável que a inflação permaneça alta ou suba. "Claro que não tem a menor condição [de acelerar crescimento e reduzir inflação]. Ou é um ou é outro, provavelmente nenhum", diz o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman.

Pelo segundo ano, o governo diz que vai conter seus gastos e, ao mesmo tempo, expandir os investimentos.

Até novembro de 2011, a meta de superávit primário (3,15% do PIB) já tinha sido praticamente cumprida, mas os investimentos caíram 12%.

Neste ano, novamente será difícil alcançar as duas metas porque os gastos públicos já estão pressionados pela forte alta do salário mínimo. Dentro do próprio governo, admite-se que apenas um dos objetivos deve ser cumprido.

Analistas tentam adivinhar qual meta será privilegiada. O Itaú acredita que o governo vai acelerar os investimentos para obter um crescimento acima de 3%. Por causa disso, estima um superávit de 2,5%, abaixo da meta.

Já André Perfeito, da corretora Gradual, prevê que Dilma Rousseff conterá gastos para que o BC possa seguir reduzindo juros. "Mas ela não vai conseguir gerar investimentos necessários para que o país não cresça pouco. Não tem como ter os dois."

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