Kassab diz não ver 'incoerência' em negociação com PT

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), disse ontem que não vê "incoerência" em sua decisão de oferecer apoio a Fernando Haddad (PT) na eleição municipal.

Ele defendeu a negociação com os petistas, mas afirmou que se aliará "naturalmente" aos tucanos se o candidato for José Serra (PSDB) ou Guilherme Afif Domingos (PSD).

Em outro ato público, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) indicou que ainda acredita na possibilidade de Serra entrar na disputa, o que preservaria a aliança de seu partido com Kassab.

Ao justificar as negociações com o PT, Kassab disse que o PSD é "de centro" e tem "interlocução fácil com partidos mais à esquerda".

"Se temos uma boa relação no plano estadual e no plano nacional, não tem por que não ser examinada uma aliança [com o PT]. Não seria nenhuma incoerência que seja examinada uma aliança para o futuro", afirmou, em solenidade no TCM (Tribunal de Contas do Município).

Ele deixou claro, no entanto, que só pretende apoiar Haddad caso não consiga fechar acordo com os tucanos para lançar Serra ou Afif.

"Não sendo o Serra o candidato, temos um candidato natural, que é o Guilherme Afif Domingos. O que tenho dito desde o início é que o PSDB, entendendo que o vice é candidato, a aliança estaria formada naturalmente."

Kassab e Alckmin divergem sobre os rumos de seus partidos caso Serra não seja candidato. O governador defende que o PSDB lance outro candidato próprio, e o prefeito exige que o partido indique o vice numa chapa encabeçada por Afif.

SERRA

Após anunciar o novo salário mínimo regional, Alckmin deu sinais de que ainda não descartou a possibilidade de Serra ser candidato. Ele disse haver tempo para isso até o início de março, data das prévias no PSDB.

"Serra é um grande quadro. Se for ou se fosse candidato a prefeito, um grande candidato. Mas vamos aguardar, acho que a decisão é só em março, tem tempo", afirmou. "É um processo em aberto e nós respeitamos a decisão do Serra."

No domingo, o ex-governador repetiu a aliados que não pretende concorrer.

Alckmin prometeu "respeitar" sua vontade. "Se for uma posição definitiva, evidentemente que nosso candidato será outro e nós temos bons candidatos", disse.