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Em ato do PT, plateia vaia Kassab, e cúpula o aplaude

Discussão sobre aliança em SP abre crise no partido; Marta falta ao evento

Prefeito chegou até a mandar beijo para Dilma e foi embora no carro do pré-candidato petista em SP, Haddad

Lula Marques/Folhapress
O prefeito Gilberto Kassab manda beijo para a presidente Dilma Rousseff na festa de aniversário de 32 anos do PT
O prefeito Gilberto Kassab manda beijo para a presidente Dilma Rousseff na festa de aniversário de 32 anos do PT

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

A presença do prefeito Gilberto Kassab abriu uma crise ontem na comemoração do 32º aniversário do PT.

Convidado como presidente do PSD, Kassab foi vaiado por petistas ao ser chamado a compor a mesa.

A cúpula do PT e a presidente Dilma Rousseff aplaudiram o prefeito numa tentativa de conter o protesto, mas a vaia persistiu desde o anúncio de sua presença até a acomodação à mesa.

A participação de Kassab causou novo mal-estar com a senadora Marta Suplicy, de quem foi adversário na disputa pela prefeitura em 2008.

Embora estivesse em Brasília, Marta faltou ao evento, que reuniu, pela primeira vez, o candidato do PT à prefeitura -ex-ministro Fernando Haddad-, Dilma e Kassab no mesmo "palanque".

A senadora mandou uma nota defendendo que o PT precisa "fazer valer nossas bandeiras sem abrir mão de nossos princípios".

Tradicionalmente em campos opostos, PT e Kassab discutem uma aliança para a eleição em São Paulo.

Horas antes de viajar a Brasília, Kassab contemporizou o atrito com a ex-prefeita. "Não acredito que a Marta nos tenha como inimigos. Ela nos teve como adversários."

A aliados, Marta queixou-se da presença do prefeito um dia depois de ela comparar sua aparição ao lado de Kassab a um pesadelo. Ele confirmou sua presença na noite de quinta-feira, quando já eram públicas as declarações de Marta contra a aliança.

Haddad disse que não se manifestaria sobre a eventual aliança com Kassab. Ao fim do evento, os dois foram embora juntos no mesmo carro.

Demonstrações de hostilidade ao prefeito ocorreram ao longo da cerimônia. Em resposta a um "fora, Kassab", um grupo de petistas gritou "Viva, Kassab". Até então com cara fechada e sem aplaudir os discursos petistas, o prefeito sorriu.

Em seu discurso, Dilma agradeceu a lealdade e eficiência de sua base aliada. Disse que a coalizão que lhe elegeu "tem se revelado leal e eficaz na sua tarefa de mudar o Brasil. Sou agradecida à nossa base de apoio e à contribuição que tem dado".

Antes mesmo da chegada do prefeito, a negociação com PSD foi objeto da agenda petista. Interlocutores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defenderam o acordo com o PSD.

Já o presidente do PT, Rui Falcão (PT-SP), afirmou em seu discurso que o partido não pode sucumbir "à tentação das alianças fáceis que quebram a nitidez" de seus compromissos.

Ausente, o ex-presidente Lula enviou uma carta em que disse estar na reta final do tratamento contra um câncer na laringe. Impedido de participar das comemorações, disse que "precisa manter a rigorosa disciplina para que volte rapidamente à militância social e política".

(BRENO COSTA, CATIA SEABRA, MARCIO FALCÃO, SIMONE IGLESIAS e EVANDRO SPINELLI)

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