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Mercado crê em juro menor sem inflação

Taxa pode ser mais baixa que há dois anos sem gerar descontrole de preços, diz pesquisa do BC com economistas

Patamar de juro real que não causa pressão inflacionária caiu de 6,75% em 2010 para 5,5%, segundo mercado

MARIANA SCHREIBER
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Economistas ouvidos em pesquisa feita pelo Banco Central afirmam que é possível a economia brasileira conviver com taxas de juros mais baixas sem deixar a inflação fugir ao controle.

Consulta feita a analistas de mais de cem instituições financeiras revela que os economistas avaliam que a taxa de juros real de equilíbrio - patamar que permite ao país crescer sem gerar disparada de preços - é atualmente de 5,5% ao ano. Em novembro de 2010, a estimativa do mercado era de 6,75%.

Os juros praticados hoje, entretanto, já estão abaixo do ideal apontado pelo mercado. Atualmente, a taxa de juros reais (já descontada a inflação) é de cerca de 5% - taxa básica de 10,5%, menos inflação prevista de 5,2%.

Neste momento, como a economia está crescendo lentamente, não há risco de a inflação sair do controle. Mas o problema pode voltar assim que o país reacelerar.

Os juros são usados para esfriar o consumo quando o BC avalia que a economia está trabalhando acima da sua capacidade, o que provoca aumentos de preços.

A pesquisa foi feita neste mês, em meio a um ciclo de corte de juros. Desde agosto, a autoridade monetária reduziu a taxa quatro vezes, de 12,5% para 10,5% ao ano.

Na última reunião, em janeiro, o BC deu sinais claros de que pretende levar os juros para menos de 10%. A previsão do mercado é que haja mais duas reduções, para 9,5% em abril.

Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, a utilização de instrumentos não convencionais para combater a inflação foi a responsável pela mudança na percepção do mercado.

No fim de 2010, o BC aumentou o compulsório bancário - recursos que os bancos são obrigados a deixar fora de circulação - e adotou medidas restritivas ao crédito para frear o consumo e conter aumentos de preços.

Essas ações permitem que seja aplicada uma dose menor de juros para esfriar a economia, diz Borges.

"Não houve nenhuma grande reforma estrutural desde então, o que mudou foi a adoção de um mix novo de políticas do BC", afirma.

Outro componente que ajuda a tarefa da autoridade monetária são menos gastos do governo. Em nome desse objetivo, a Fazenda anunciou congelamento de R$ 55 bilhões nas despesas deste ano.

A pesquisa revela ainda que 49% dos entrevistados esperam que a taxa de juros de equilíbrio siga recuando nos próximos anos. Para Borges, sinal de que o mercado crê que o BC voltará a usar outras medidas - e não só juros - para frear a inflação.

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