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BC compra dólares, mas real volta a se valorizar

Moeda brasileira é a quarta que mais se fortaleceu em 2012

Governo fez quatro intervenções no mercado de câmbio em dois dias para tentar frear a alta da moeda

ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

O Banco Central voltou a tentar frear a valorização do real ontem, comprando dólares no mercado financeiro.

No total, foram realizadas quatro intervenções nos últimos dois dias.

Na quinta-feira, a estratégia funcionou, mas ontem o BC não conseguiu evitar novo recuo do dólar, que fechou o dia valendo R$ 1,707, com queda de 0,23% frente à moeda brasileira.

A forte entrada de recursos no Brasil nas últimas semanas levou o real à posição de quarta moeda -de um grupo de 154- que mais se valorizou neste ano.

Até a última sexta-feira, o real acumulava alta de 9,5% frente ao dólar, perdendo apenas para as apreciações registradas pelas moedas de Hungria (12,3%), Polônia (11,5%) e Rússia (10,2%).

Desde o fim de janeiro, o real voltou a ganhar força em consequência da entrada de recursos trazidos por empresas brasileiras que tomaram empréstimos no exterior.

Os robustos investimentos de companhias estrangeiras no país também têm contribuído para essa tendência.

Para analistas, isso ocorre porque existe a percepção de que a economia brasileira voltará a crescer mais do que os países desenvolvidos em 2012. A elevada taxa de juros praticada no país também ajuda a atrair recursos.

A tendência preocupa o governo porque encarece os produtos fabricados no Brasil em relação aos importados, contribuindo para o fraco desempenho da indústria.

Um indicador da perda de competitividade do setor manufatureiro do país é a chamada taxa de câmbio real efetiva, que compara o valor do real em relação às moedas de seus principais pares comerciais, descontada a inflação.

Por essa medida, segundo dados do JPMorgan, o real está 9% mais caro hoje do que em 1998, quando a apreciação excessiva da moeda levou ao fim do regime de câmbio fixo em janeiro de 1999.

Para economistas, a atuação do BC nos últimos dias indica que o governo continuará atuando para tentar segurar a cotação do dólar em um patamar próximo a R$ 1,70.

O temor do mercado é que o governo lance mão de novas medidas restritivas à entrada de recursos de fora.

Analistas acreditam que, neste momento, ações desse tipo poderiam ser precipitadas: "O câmbio neste ano será muito volátil. Podemos sair de R$ 1,7 para R$ 1,8 muito rapidamente por qualquer mudança no cenário europeu", diz Sérgio Valle, economista-chefe da MB Associados.

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