Corpos dos militares brasileiros são transportados para o Chile

Os corpos de Carlos Alberto Vieira Figueiredo e Roberto Lopes dos Santos, os dois militares brasileiros mortos na madrugada de sábado na base brasileira Comandante Ferraz, na Antártida, foram transportados de volta a Punta Arenas, no Chile, ontem.

A Folha acompanhou a operação a bordo de um avião Hércules, da FAB (Força Aérea Brasileira).

Os corpos haviam sido levados para a base chilena Eduardo Frei, onde também estão 12 militares que sobreviveram à tragédia e que, nos próximos dias, vão avaliar o estrago causado pelo incêndio. Calcula-se que cerca de 70% da base foi destruída.

"Os dois estavam tentando fechar a válvula de um gerador, em algum momento se desorientaram por causa da fumaça. Ainda não sabemos ao certo o que aconteceu. Os corpos foram encontrados carbonizados. Não dá para precisar como morreram antes do inquérito. Por enquanto só se pode dizer que o que levou à morte deles foi a coragem e o cumprimento do dever", disse o capitão de fragata Fernando Coimbra, em entrevista na base chilena.

Visivelmente abalados, alguns com lágrimas nos olhos, os oficiais contaram como foram as quase oito horas que passaram do lado de fora da base em chamas, esperando socorro. "Estava cerca de -2ºC ou -3ºC. Fazia muito frio, mas nós praticamente não sentíamos, a tristeza era muito grande", afirmou.

O comandante da estação marítima chilena, Eduardo Rubilar, conta como foi avisado do incêndio. "Nos ligaram do Brasil, pois na base não havia eletricidade para se comunicarem conosco. Chamaram auxílio por meio de um telefone satelital. Mandamos um buque, e logo depois, helicópteros", diz.

A base brasileira fica a cerca de 20 minutos de voo da chilena, e a uma hora por via marítima. Os caixões foram transportados para dentro do Hércules após uma breve cerimônia, por volta das 17h (horário chileno). Estavam presentes seus colegas militares, o embaixador brasileiro no Chile e funcionários da embaixada. O avião seguiria para o Brasil ainda hoje.