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Ex-vice do BB diz ser alvo de disputa política

Investigado por depósitos atípicos, Allan Toledo afirma que objetivo da acusação é atingir governo e presidente do banco

Segundo executivo, mulher que repassou quase R$ 1 milhão à sua conta é amiga da família há muitos anos

ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

Ex-vice-presidente do Banco do Brasil, Allan Toledo disse ontem que seu nome foi usado para alimentar uma disputa que tem como objetivo "atingir o governo Dilma e o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine".

Ele não deu nomes, mas a disputa que agita o governo hoje é entre o grupo de Bendine e o de Ricardo Flores, presidente do fundo de pensão do banco, a Previ.

Conforme a Folha revelou, Toledo está sendo investigado por ter recebido R$ 953 mil em conta aberta por ele no banco. A movimentação atípica foi registrada pelo Coaf, órgão de controle. O BB abriu uma investigação interna e informou a Polícia Federal.

Toledo afirma que o valor é referente à venda de uma casa da aposentada Liu Mara Zerey, 70. Segundo ele, ela é amiga da família há muitos anos. "Fazia comida, lavava roupa, ajudava a cuidar da casa e passeava comigo após a morte de minha mãe."

Toledo diz que Zerey foi seu par no baile de sua formatura e uma de suas madrinhas de casamento na igreja.

A venda da casa da aposentada não está registrada em cartório. O advogado de Toledo, José Roberto Batochio, apresentou à Folha um compromisso de compra e venda com data de janeiro de 2011, mas não quis entregar cópia.

No papel, o empresário Wanderley Mantovani se compromete a comprar o imóvel por R$ 1 milhão em cinco prestações. O dinheiro foi para a conta da aposentada, que o repassou a Toledo.

Mantovani é socio do frigorífico Marfrig numa usina de biodiesel. O irmão de Toledo é diretor na Marfrig, que recebeu milhões de empréstimos do BB quando Toledo era o responsável pela área de crédito. O frigorífico nega relação entre os negócios.

No acordo, fica acertado que a casa será entregue assim que a última parcela for paga (em junho do ano passado), o que ainda não ocorreu oito meses depois -segundo Batochio, por uma burocracia: a alteração do estado civil de Zerey para viúva.

A norma dos cartórios prevê prazo máximo de 30 dias para que essa alteração de estado civil seja feita, a partir da data em que foi solicitada.

Toledo é procurador com plenos poderes de Zerey desde agosto de 2010. Por que então o dinheiro primeiro foi para a conta dela e, só depois, para a sua? Para "dar legitimidade ao negócio", diz ele.

Após o dinheiro ter sido repassado para sua conta, ele foi declarado herdeiro de Zerey. Segundo Batochio, isso ocorreu por ela ter câncer.

Toledo diz que o compromisso de compra e venda foi assinado por Zerey e não por ele como procurador porque "ela estava melhorzinha".

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