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Governo vai elevar IOF para segurar câmbio

Objetivo é tornar mais caro para empresas se financiarem no exterior, o que traz dólares ao país e valoriza o real

Além do novo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, BC deve continuar a intervir no mercado

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Além das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio, o governo decidiu que vai elevar, mais uma vez, a alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre a entrada de moeda estrangeira no país para segurar a valorização do real.

A medida estava sendo finalizada ontem e deve ser baixada ainda hoje por meio de decreto presidencial. Segundo a Folha apurou, a tendência é o governo taxar ainda mais as captações de empréstimos no exterior por empresas sediadas no país.

De acordo com um assessor presidencial, o governo decidiu recorrer novamente a seu "arsenal de IOF" devido à desvalorização do dólar nas últimas semanas e diante da tendência de novas quedas por conta do excesso de dinheiro no mundo.

Ontem, o dólar fechou em alta de 1,24%, cotado a R$ 1,72, reduzindo um pouco sua desvalorização ante o real para 1,55% em fevereiro. No ano, a perda de valor do dólar em relação ao real foi de 7,97%, uma das mais altas do mercado mundial.

Segundo analistas, parte da alta de ontem ocorreu diante da expectativa do mercado de que o governo finalizava medidas para conter a valorização do real. Além disso, o BC voltou a intervir no mercado à vista e futuro.

Segundo a Folha apurou, o "arsenal" à disposição do governo inclui a alta do IOF sobre aplicações de estrangeiros em títulos de renda fixa e operações do mercado de derivativos -contratos que permitem fazer apostas na variação futura da moeda.

Mas um técnico disse à Folha que o foco da medida devem ser mesmo operações de tomada de empréstimos no exterior por empresas brasileiras, inclusive estatais, que estão aproveitando o juro baixo lá fora para se financiar.

Atualmente, as captações de empréstimo no exterior com prazo de até 720 dias pagam 6% de IOF. Acima desse prazo, são isentas. O governo pode passar a cobrar imposto também dessas operações.

Além do aumento do IOF, a orientação do governo é que o Banco Central continue intervindo no mercado, comprando o excesso de dólares. Até dia 24 de fevereiro, o fluxo de dólares para cá estava positivo em US$ 12,5 bilhões.

O governo decidiu agir, nas palavras de um assessor, porque a "política monetária mundial seguirá expansionista" e continuará "sobrando dinheiro no exterior", que virá para o Brasil em busca dos juros altos.

Somente ontem o BCE (Banco Central Europeu) injetou € 530 bilhões no sistema financeiro da zona do euro para tentar contornar a crise econômica na região.

INDÚSTRIA

O governo não admite oficialmente que haja um piso para a cotação do dólar, mas resolveu usar seu "arsenal" depois que a moeda americana começou a dar sinais de que passaria a valer menos que R$ 1,70 -como chegou a acontecer nesta semana.

A leitura de analistas é que o governo considera um dólar abaixo desse valor "mortal" para a indústria, desestimulando as exportações e elevando as importações.

A presidente Dilma Rousseff já elevou o IOF, por exemplo, para aplicações de estrangeiros em títulos de renda fixa e no mercado de derivativos cambiais.

Técnicos destacavam (e comemoravam) que a decisão do governo coincide com a divulgação de estudo do FMI (Fundo Monetário Internacional), ontem, defendendo a intervenção temporária de países emergentes no câmbio.

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