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União é leniente em busca no Araguaia, diz juíza

DE BRASÍLIA

Responsável por condenar a União em 2003 a buscar as ossadas dos mortos na guerrilha do Araguaia, a juíza Solange Salgado, da Justiça Federal de Brasília, diz que o governo tem sido leniente nesta procura.

"No governo, pelo que se extrai, é que ainda não chegou a hora de entregar os corpos [dos guerrilheiros]. [...] O grupo [de buscas] foi feito, inseriu os familiares, mas aonde se precisa ir no Araguaia não se vai", disse a juíza.

Organizado pelo PC do B, o conflito foi o maior foco da luta armada contra a ditadura militar. Cerca de 70 dos guerrilheiros foram mortos, mas só dois foram identificados até hoje.

Segundo Salgado, a atuação do GTA (Grupo de Trabalho Araguaia), iniciado em 2009, não evolui por causa de um "pacto de silêncio" selado por militares que atuaram no conflito. Ela diz que o acordo tem a anuência do comando do Exército.

O pacto foi revelado pelo militar Lício Augusto Ribeiro no livro "O Coronel Rompe o Silêncio", do jornalista Luiz Marklouf Carvalho. Ribeiro participou das campanhas contra os guerrilheiros.

"Dois dos cinco militares que fizeram esse pacto me disseram que estão dispostos a falar, mas dependem da autorização do comandante do Exército. O Ministério da Defesa, que trata dessa questão, ainda não me respondeu."

Procurada, a pasta não se manifestou até a conclusão desta edição.

"Precisamos de uma participação mais efetiva do governo, que está tendo um gasto imenso, e os objetivos não estão sendo alcançados", afirmou a juíza. "Precisamos inclusive de uma contribuição maior da Presidência, que é chefe máxima das Forças Armadas."

De acordo com Salgado, se a situação não mudar, a Justiça Federal e o Ministério Público, parceiros do GTA, farão um "caminho independente" de buscas na Amazônia.

(LUCAS FERRAZ)

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