Indústria recua 2,1% e indica retomada só no 2º semestre

Diante de estoques elevados e da concorrência de importados, a indústria teve em janeiro a maior queda desde dezembro de 2008, quando vivia o auge da crise global.

O setor recuou 2,1% no primeiro mês deste ano, após ter crescido 0,5% em dezembro.

Com a queda de janeiro, a indústria acumula retração de 0,2% em 12 meses.

O resultado corrobora as previsões de um crescimento ainda fraco do PIB neste ano (entre 3% e 3,5%), apesar de um pouco melhor do que o avanço de 2,7% em 2011.

Segundo André Macedo, do IBGE, a retração de 30,7% da produção de veículos explica parcela importante da queda da indústria no mês.

Foram dois os motivos: estoques excessivos de automóveis e parada de montadoras de caminhões para adaptação a novas linhas de motores menos poluentes.

Dados da Anfavea (associação de montadoras) já mostram uma forte retomada na fabricação de caminhões em fevereiro, mas revelam estoques ainda altos de veículos.

É consenso entre analistas que a indústria só reagirá com mais vigor no segundo semestre, quando o corte de juros aquecer a economia. Até lá, continuará enfraquecida por estoques elevados e concorrência com importados, acredita a consultoria LCA.

CRISE GLOBAL

Fabio Ramos, da Quest Investimentos, prevê uma expansão de 1,5% para a indústria neste ano -em 2011, o setor cresceu apenas 0,3%.

"Existe uma crise para o setor industrial que afeta o mundo todo, desde a China até o Brasil. Mas já temos informações de que em fevereiro há um desempenho melhor", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O setor produtivo pressiona por mais estímulos. "Esperamos ações do governo, pois o Brasil não pode abrir mão de sua indústria", afirmou Antônio Corrêa de Lacerda, da Abinee (associação do setor eletroeletrônico).