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Alckmin enfrenta rebelião de aliados na Assembleia

Deputados isolam líder do governo e ameaçam derrubar projetos do Executivo

Nomeações para vagas no Tribunal de Contas do Estado acirram queda de braço entre Executivo e Legislativo

Divulgação
Geraldo Alckmin discursa em evento em hospital em SP
Geraldo Alckmin discursa em evento em hospital em SP

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

Uma revolta na base que dá sustentação ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo ameaça impor ao tucano sua primeira grande derrota na Casa.

Os deputados estaduais reclamam do que chamam de "falta de atenção". Em privado, manifestam insatisfação com a demora na liberação de emendas e a dificuldade para nomear aliados para cargos de confiança.

A rebelião rachou a bancada tucana e isolou o líder do governo na casa, deputado Samuel Moreira, que se desentendeu com o presidente da Assembleia, Barros Munhoz, também do PSDB.

Na última quinta-feira, o deputado Orlando Morando foi destituído da liderança do PSDB. Ele trocava farpas com Moreira e o governo, mas a mudança não foi suficiente para acalmar o ninho tucano.

Anteontem, contrariando orientação do governo, os deputados mudaram as normas para nomeação de dirigentes de agências reguladoras do Estado, condicionando as indicações do governador à aprovação da Assembleia.

Consumada a derrota do Executivo, os deputados Samuel Moreira e Barros Munhoz brigaram. O líder do governo acusou o presidente da Assembleia de patrocinar um "golpe" contra o governador e foi expulso de uma reunião em seu gabinete.

Minutos depois, Barros Munhoz telefonou para o Palácio dos Bandeirantes, chamou Moreira de "incompetente" e avisou que não reconhecia mais o colega como líder do governo.

Procurado pela Folha, Moreira negou a briga. Barros Munhoz confirmou o desentendimento, mas disse que não foi nada grave. "Entre tapas e beijos, construímos uma relação [entre Executivo e Legislativo] saudável para São Paulo", afirmou.

DISPUTA

A insatisfação dos deputados estaduais cresceu nas últimas semanas por causa de uma disputa com o governador para indicar três novos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, colegiado que fiscaliza o governo estadual e as prefeituras, exceto a da capital.

A cúpula do TCE é formada por sete conselheiros. Um cargo está vago e dois conselheiros se aposentarão neste ano ao completar 70 anos de idade, Cláudio Alvarenga e Eduardo Bittencourt.

Bittencourt foi afastado no ano passado pela Justiça, mas nesta semana foi reconduzido ao cargo. Ele é réu num processo em que é acusado de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro.

Alckmin indicou para a vaga que está aberta uma funcionária pública de carreira, a auditora Cristiana de Castro Moraes, escolhida pelo corpo técnico do tribunal.

A Assembleia condicionou a aprovação da auditora à chancela do governador para o nome apresentado pelos deputados estaduais para a segunda vaga, o do líder da bancada do PMDB, deputado Jorge Caruso.

O PMDB, que apoia o governo Alckmin na Assembleia, tem apenas três deputados, mas Caruso conseguiu arregimentar o apoio de 54 dos 84 colegas, 6 além do necessário para ser aprovado.

O candidato do governador para essa vaga é o deputado federal Dimas Ramalho (PMDB), que é promotor público de carreira.

A Assembleia quer definir a situação até abril. Os aliados de Caruso sugeriram ao Palácio dos Bandeirantes que Ramalho fique com a terceira vaga, mas não há nenhuma previsão de acordo.

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