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Oficiais dizem que governo e mídia acirram revanchismo

Militares usam loja maçônica para comemorar a "Revolução de 1964"

O general Rocha Paiva afirma que 'houve sim tortura' durante o regime militar, mas que agora 'há muito mais'

LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA

Um grupo de militares da reserva e civis, mulheres, crianças se reuniram na quarta-feira para lembrar a "Revolução de 31 de março de 1964" -nome que dão ao golpe que instalou a ditadura militar (1965-1984) no país.

O encontro, que ocorre todo ano em Brasília ou no Rio, teve como debate principal a Comissão da Verdade, grupo governamental que investigará violações aos direitos humanos no regime.

A criação da comissão tem acirrado a disputa entre esquerda e direita sobre a memória sobre a ditadura.

Nas rodas de conversa, os militares criticaram a mídia e a presidente de Dilma Rousseff -que participou da luta armada contra o regime- por considerarem a Comissão da Verdade uma revanche.

O grupo Ternuma (Terrorismo Nunca Mais) foi o convidado para organizar uma palestra sobre a comissão e o golpe. O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra foi um dos mais cumprimentados da noite.

Ex-comandante do DOI-Codi (centro de repressão do Exército) de São Paulo, Ustra é acusado de torturar presos políticos, o que ele nega: "Não vou falar nada, meu filho".

Em sua palestra, o general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva usou uma apresentação em Powerpoint para defender a "revolução". Usando uma caneta laser, exaltou o salto econômico do período: "Éramos a 46ª economia do mundo e passamos, com a revolução, para a 8ª posição".

E falou da tortura: "99% das denúncias de tortura eram mentirosas". Depois, concluiu: "Houve sim tortura, mas agora, sob o regime democrático, há muito mais".

O evento terminou com Paiva e colegas prometendo lutar "contra mais essa grande injustiça", a Comissão da Verdade. A plateia aplaudiu.

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