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Doação ao PT 'nunca devia ter ocorrido', diz ministro da Pesca

Crivella critica suposto pedido de contribuição eleitoral feito por servidor a empresa que vendeu lanchas à pasta

Altemir Gregolin, que era o titular na época da campanha, afirma que também não sabia de solicitação de verbas

RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS

O ministro da Pesca, Marcelo Crivella, criticou ontem o pedido de doação eleitoral que um empresário que tem contrato milionário com a pasta disse ter recebido de um funcionário do ministério nas eleições de 2010.

"Minha opinião é a opinião de todo o Brasil. Isso não deveria nunca ter ocorrido", disse Crivella, depois de uma reunião com o setor pesqueiro, em Florianópolis.

Ele disse que vai "tentar saber quem fez isso" e que distribuirá memorando interno "deplorando tal prática".

Dono da empresa Intech Boating, José Antonio Galízio afirmou ter doado R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT-SC em 2010.

À época, a candidata a governadora pelo partido era Ideli Salvatti. Derrotada, ela virou ministra da Pesca e hoje chefia as Relações Institucionais. O PT catarinense comandou a Pesca desde a criação da pasta, em 2003, até a saída de Ideli, ano passado.

Depois dela, assumiu Luiz Sérgio (PT-RJ), que classificou o pedido de doação como "malfeito". Desde o início de março, Crivella, senador pelo PRB-RJ, é o primeiro não petista ministro da Pesca.

Apesar de ter criticado o pedido de dinheiro, Crivella afirmou ter encontrado na pasta "muitas coisas boas" feitas pelo petista Altemir Gregolin, que era ministro quando teria sido pedido o dinheiro à Intech Boating.

O Tribunal de Contas da União apontou superfaturamento e direcionamento da licitação para fornecer 28 lanchas no valor de R$ 31 milhões ao Ministério da Pesca. A empresa e Gregolin negam.

À Folha, Gregolin afirmou que nunca pediu doação quando ministro. "Também nunca autorizei nem tomei conhecimento de pedido dentro do ministério", afirmou.

Crivella disse que o petista tem "todo o direito de defesa" no caso. E acrescentou que a compra de barcos "nada tem a ver" com a arrecadação de fundos.

"Acredito que seus argumentos [de Gregolin] vão esclarecer tudo", afirmou o novo ministro ontem.

Primeiro ministro da Pesca, o presidente do PT-SC, José Fritsch, também negou saber de pedidos de doações.

No sábado, o empresário Galízio disse que foi procurado por um funcionário do ministério, cujo nome diz não lembrar, que teria afirmado: "Você, como parceiro, como fornecedor, poderia fazer doação". Só depois alguém do PT-SC teria insistido.

INVESTIGAÇÃO

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou que vai encaminhar representação à Comissão de Ética Pública da Presidência da República para pedir a investigação da compra das lanchas.

"O fato novo é a doação para campanha eleitoral com o superfaturamento das lanchas. Isso já foi admitido pelo ex-ministro Luiz Sérgio [Pesca]. O governo tem que instaurar os procedimentos para investigar os fatos desde o início", disse o senador.

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