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Relatoria é recusada por 5 senadores e vai para petista

DE BRASÍLIA

Cinco senadores recusaram ontem a relatoria do processo contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) no Conselho de Ética do Senado, a maioria do PMDB.

As investigações vão ser conduzidas pelo senador Humberto Costa (PT-PE), o sexto da fila, que promete fazer um julgamento "político" do ex-líder do DEM.

A escolha do relator ocorreu por sorteio. Sucessivamente, os senadores Lobão Filho (PMDB-MA), Gim Argello (PTB-DF), Ciro Nogueira (PP-PI), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR) foram sorteados e recusaram a relatoria.

Ausente da reunião, Lobão Filho pediu que Renan recusasse a missão em seu nome. Em seguida, Argello foi sorteado e alegou razões de "foro íntimo" para declinar.

Ciro Nogueira (PP-PI), também ausente, chegou a ser proclamado relator, mas após corre-corre de assessores conseguiu falar por telefone com o presidente do Conselho de Ética, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).

As cédulas para o sorteio já haviam até sido rasgadas. Na sequência, Jucá e Renan foram sorteados e usaram o mesmo argumento do "foro íntimo" para a recusa.

No sexto sorteio, Costa enfim aceitou ser relator -responsável por recomendar a absolvição ou punições, que vão até a perda do mandato.

As sucessivas recusas provocaram risadas e ironias dos próprios membros do conselho. "Agora vai. Já que ninguém quer ser relator, alguém quer ser presidente?", questionou Valadares.

Alguns dos sorteados tiveram embates com Demóstenes no passado, como Argello e Renan. Por isso, argumentam que ficariam com as atividades sob suspeição.

O relator Humberto Costa, ex-ministro da Saúde, foi envolvido na Operação Vampiro, de 2004. Ela investigou o envolvimento de empresários e funcionários do Ministério da Saúde no superfaturamento de hemoderivados, que ajudam na coagulação do sangue. Costa foi inocentado pela Justiça.

Ele prometeu focar o relatório na eventual quebra de decoro por parte de Demóstenes -e não sua ligação com o empresário Carlos Cachoeira, suspeito de exploração de jogos ilegais no país.

O senador também vai solicitar ao STF (Supremo Tribunal Federal) o envio da íntegra do inquérito da Operação Monte Carlo ao Conselho de Ética. O pedido foi negado ao Senado.

O ex-ministro da Saúde do governo Lula nega que tenha um prejulgamento de Demóstenes, apesar de ser de um partido que foi constantemente atacado pelo ex-líder do DEM durante sua atuação parlamentar.

"O caso é grave. E por ser grave, vou tratar com a máxima imparcialidade. Será um relatório baseado em fatos, não em suposições."

(GABRIELA GUERREIRO)

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