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Investigação expõe um velho operador do submundo do poder

Um dos principais agentes do grupo de Cachoeira, Dadá já trabalhou com o governo, a polícia e o PT

Sargento ajudou PF a investigar Daniel Dantas e discutiu com petistas montagem de dossiê contra Serra

DE BRASÍLIA

A Operação Monte Carlo trouxe à tona um velho personagem de recentes escândalos e dos bastidores de Brasília, o terceiro sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá.

Nos diálogos telefônicos ele também aparece como "Chicão", apelido usado por ele e pelo empresário Carlinhos Cachoeira, pivô da operação policial.

Aos 51 anos e aposentado do serviço militar, o sargento é um homem cobiçado por policiais, empresários e políticos pelo trânsito que sempre teve no submundo da espionagem.

Ele já trabalhou na Abin (Agência Brasileira de Inteligência), sucessora do antigo SNI (Serviço Nacional de Informações).

O nome de Dadá ganhou projeção nacional em 2008, por causa da Operação Satiagraha, que investigou negócios do banqueiro Daniel Dantas e levou à sua prisão.

Na época, Dadá foi apontado como uma das pessoas que teria participado de forma irregular na operação, levantando informações para o delegado e hoje deputado federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP).

Em depoimento à CPI dos Grampos, Dadá disse não ter participado das investigações da Satiagraha.

A declaração contrariou a versão do delegado de que o militar repassou a ele informações sobre o paradeiro de aviões de Daniel Dantas. Na versão de Protógenes, Araújo trabalhou legalmente na operação como um colaborador eventual e teria inclusive recebido por seus serviços.

As provas obtidas pela Satiagraha foram anuladas no ano passado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

DOSSIÊ

Dois anos depois da operação, Dadá apareceu como personagem de outro escândalo, quando um grupo de petistas se reuniu para produzir um dossiê contra o tucano José Serra na campanha presidencial de 2010.

Dadá esteve numa reunião com membros da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, num restaurante em Brasília. Na ocasião, foi discutido o levantamento de informações sobre Serra, adversário do PT. Descobriu-se, logo depois, que o sigilo fiscal de pessoas ligadas a Serra fora quebrado ilegalmente.

Mais dois anos se passaram e agora Dadá foi parar na cadeia graças à Operação Monte Carlo. Ele aparece, segundo as investigações, como um dos principais agentes do grupo de Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de jogos ilegais e outros negócios em Goiás e no Distrito Federal.

Foi Dadá, por exemplo, quem entregou a aliados do empresário alguns dos rádios habilitados nos Estados Unidos, que o grupo acreditava serem imunes a grampos. Para a polícia, Dadá também era o elo do grupo de Cachoeira com um esquema de interceptação ilegal de e-mails.

Dadá também foi a ponte utilizada por Cachoeira, segundo a investigação da PF, para procurar um funcionário da Infraero que teria facilitado a entrada de contrabando no país.

Oficialmente, apresentava-se como presidente de uma associação de varredores da Delta Construções, mencionada na investigação como ligada ao grupo de Cachoeira. A empresa, que nega envolvimento com Cachoeira, diz que jamais contratou os serviços de Dadá.

Diálogos dele com Protógenes gravados na operação criaram desgaste para o deputado, um dos articuladores da CPI que vai investigar o caso.

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