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Suborno dá contratos com governo, diz dono da Delta

Conversa foi gravada no final de 2009, sem que empresário soubesse

Em nota, construtora afirma que áudio foi registrado de modo 'clandestino' e editado por adversários

BRENO COSTA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

Em conversa gravada em dezembro de 2009, o dono da Delta Construções S/A, Fernando Cavendish, afirma que é possível ganhar contratos com o poder público subornando políticos.

A Delta já recebeu mais de R$ 3,6 bilhões em verbas federais desde 2003 e está no centro das investigações da Polícia Federal envolvendo Carlos Cachoeira, preso sob acusação de envolvimento em jogo ilegal.

"Se eu botar 30 milhões [de reais] na mão de político, eu sou convidado pra coisa pra caralho. Se eu botasse dez pau que seja na mão dele... Dez pau? Ah... Não é que seja um monte de dinheiro não, mas eu ia ganhar negócio. Ô...", diz Cavendish, que não se refere a caso específico.

"Estou sendo muito sincero com vocês: 6 milhões aqui, eu ia ser convidado. 'Ô senador fulano de tal, tá aqui. Se convidar, eu boto o dinheiro na tua mão'", continua.

A gravação foi publicada ontem no blog Quid Novi, do jornalista Mino Pedrosa, que já trabalhou para Cachoeira.

Cavendish conversa com dois empresários da Sygma, que atua na área de petróleo e gás, sobre a dissolução de uma sociedade entre eles.

Em nota, a Delta afirma que o áudio não tem relação com as investigações da operação da PF e foi "produzido clandestinamente, montado e editado" por ex-sócios da Sygma, comprada pela Delta Construção em 2008.

Segundo a construtora, "os ex-sócios dessa empresa perderam um processo de arbitragem e hoje estão sendo acionados pela Delta por calúnia e difamação".

A Folha não conseguiu localizar os sócios da Sygma.

A revista "Veja" já havia publicado trechos dessa conversa, em maio passado, sem divulgar o áudio.

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