Ministério Público em TO começa investigação sobre empreiteira

O Ministério Público do Tocantins abriu ontem investigação sobre eventual favorecimento à construtora Delta pelo governo do Estado.

A suspeita surgiu após a divulgação, pela revista "Época", de escutas telefônicas da operação Monte Carlo da Polícia Federal.

Nas gravações, Carlinhos Cachoeira, acusado de liderar quadrilha que explorava caça-níqueis, e Cláudio Abreu, então diretor regional da Delta e apontado pela PF como sócio de Cachoeira, conversam sobre apoio a políticos estaduais.

Na conversa, Abreu diz que, apesar de apoiarem Marcelo Miranda (PMDB), eles deveriam continuar em contato com seu adversário político, Eduardo Siqueira Campos, filho do governador Siqueira Campos (PSDB) e atual secretário de Relações Institucionais do Estado.

"Ele mandou dar aquele negócio para nós lá: a inspeção veicular no Tocantins", diz Abreu a Cachoeira.

Segundo o Detran-TO, uma medida provisória aprovada neste ano permitiu que o governo terceirize a inspeção caso avalie necessário, mas isso ainda não ocorreu.

Eduardo disse conhecer Abreu, mas afirmou não saber a razão de ter sido citado no diálogo. Diz ainda que a execução do serviço no Estado não está definida. "Os fatos desmentem qualquer possibilidade. Eu não ia falar há um ano de uma coisa que nem sequer existia", afirmou à Folha.

Miranda negou contato com Abreu. "Só o cumprimentei uma vez", disse.

CONTRATO

O Ministério Público também pediu anulação de contrato de R$ 72 milhões da Delta com a Prefeitura de Palmas, administrada por Raul Filho (PT). A empresa é responsável pela coleta de lixo e limpeza urbana na cidade.

Segundo a Promotoria, perícia apontou adulteração em documentos apresentados na licitação, o que reforçou a suspeita de fraude.

A prefeitura disse que ainda não foi notificada do pedido, mas que o contrato se "revestiu de obediência aos termos da lei". A Delta não respondeu.