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Análise

Copom indica que ajustes da Selic estão chegando ao fim

HOMERO GUIZZO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Banco Central divulgou ontem a ata da reunião do Copom de 17 e 18 de abril, quando o colegiado decidiu reduzir a taxa Selic de 9,75% ao ano para 9%. A decisão levou a taxa para perto de sua mínima histórica de 8,75%, alcançada em julho de 2009.

A queda era antecipada em função, entre outros fatores, do teor da ata da reunião de março, em que o BC anotou que o Copom atribuía "elevada probabilidade" à queda da Selic até "patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando".

Na ata de abril, o BC sinaliza que novos cortes, se ocorrerem, serão condicionados à manutenção de um cenário benigno para a inflação. Agora que o juro testa novos recordes de baixa, "qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia".

Essa afirmação sugere que o BC não está mais tão seguro para continuar derrubando a Selic. Daqui em diante o Copom só tornará a reduzir o juro se perceber que os riscos ao cenário inflacionário continuam limitados.

No cenário internacional, a queda das expectativas de crescimento nos principais blocos econômicos contém os preços das commodities e, desse modo, colabora para limitar a inflação no Brasil.

Para o cenário doméstico, o BC destaca a robustez do mercado de trabalho e a expansão, ainda que moderada, do mercado de crédito, mas repara que a desaceleração da atividade verificada no segundo semestre de 2011 foi mais intensa do esperado.

A combinação dos riscos ao crescimento no cenário externo com a desaceleração mais da economia no Brasil leva o BC a entender que "permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação". A ata do Copom, portanto, deixa a porta aberta para novas quedas do juro.

As próximas quedas estarão condicionadas à preservação do cenário benigno para a inflação e serão pequenas -algo como 0,25 ponto. O BC, à medida que a Selic chega perto de níveis inéditos, tomará cuidado extra para evitar que as projeções do mercado para a inflação em 2013 -atualmente em 5,5%- distanciem-se ainda mais do centro da meta de 4,5%.

Quedas adicionais da Selic serão paulatinas. Além de ser um teste para a economia, juros baixos trariam a correção da poupança de volta à agenda da Fazenda, à medida que ameaçariam dar início a uma migração de recursos dos fundos de investimento de varejo para a poupança.

HOMERO GUIZZO é economista da LCA Consultores

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