Índice geral Poder
Poder
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cachoeiragate/Investigações

Vídeos mostram ligação de Cachoeira com policiais

Delegado e agente da PF aparecem nas imagens, exibidas ontem pela 'TV Folha'

Gravações feitas pela Operação Monte Carlo flagram ainda acusada recebendo dinheiro em igreja de Goiás

FERNANDO MELLO
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

Vídeos inéditos feitos pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo mostram as ligações do grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com policiais acusados de corrupção e acompanham até mesmo um suposto pagamento de propina em uma igreja.

As imagens são as primeiras que surgem na operação Monte Carlo e foram reveladas ontem com exclusividade pela "TV Folha".

Os vídeos se complementam com os áudios obtidos pela PF na operação que levou o Ministério Público Federal a denunciar 81 pessoas e revelou as relações de políticos, servidores públicos e policiais civis e federais com o empresário acusado de comandar jogos ilegais.

Detentor de prestígio na PF até a deflagração da operação, em 29 de fevereiro, o delegado federal Fernando Byron é apontado como um dos principais informantes de Cachoeira dentro do aparato policial de Goiás.

Ele foi preso e afastado de suas funções na PF.

No dia 3 de maio de 2011, Byron prometeu a Cachoeira assumir o controle de uma ação a ser realizada pela PF de Anápolis em combate ao jogo ilegal. O objetivo do delegado, segundo a PF, era proteger os negócio de Cachoeira.

De acordo com o relatório, Byron direcionaria as batidas apenas para pontos pré-definidos pelo empresário.

No dia seguinte, Byron e Cachoeira voltam a se falar e marcam um encontro.

"E ai, guerreiro!", diz o delegado. "Vamos agora? Eu tô indo pra lá", responde Cachoeira. A PF filmou os passos de Byron. Ele saiu do seu carro e entrou no de Cachoeira. Os dois deram uma volta e, 12 minutos depois, retornaram.

A polícia registrou o delegado deixando o carro de Cachoeira e entrando no seu.

IGREJA

Outro que caiu nas lentes da operação foi o agente Anderson Drumond, que era o chefe da Divisão de Serviços Gerais da PF e também está afastado das funções.

O órgão dava apoio logístico às operações policiais, com o fornecimento de viaturas e caminhões, "recebendo informações antecipadas de datas e locais onde ocorrerão atuações policiais", segundo o relatório da Monte Carlo.

A PF diz que Anderson tinha a função de informar o grupo de Cachoeira sobre operações e recebia R$ 5 mil mensais de Lenine, braço direito do empresário.

No dia 6 de junho de 2011, a PF filmou Anderson recebendo Lenine na sede da própria polícia, em Brasília.

Em outra ocasião, a PF seguiu uma operação montada pelo grupo de Cachoeira para retirar máquinas caça-níquel que estavam apreendidas em depósito da Polícia Civil em Águas Lindas (GO).

De acordo com a investigação, Cachoeira recuperou os equipamentos mediante pagamento de propina.

Os investigadores também seguiram a ex-servidora da Prefeitura de Luziânia Sônia Regina de Melo, apontada como outra informante do grupo. Um encontro para a possível entrega de propina foi marcado para uma igreja.

Em janeiro de 2011, Regina perguntou a José Olímpio Queiroga Neto, do grupo de Cachoeira, se ele iria mandar o "negócio". Dias depois, o contador de Olímpio avisa que conseguiu os R$ 6,6 mil da "loira" (Regina). A PF a filmou entrando na igreja.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.