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Cachoeiragate / Senado

Senador pede processo contra Demóstenes

Para relator de ação no Conselho de Ética, colega 'faltou com a verdade' ao negar que conhecia ações ilícitas de Cachoeira

Petista também acusa Demóstenes de obter 'vantagem indevida' por já ter recebido presentes do empresário

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Ao pedir ao Conselho de Ética do Senado a abertura de processo disciplinar contra Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), o relator do caso, Humberto Costa (PT-PE), disse que o colega "faltou com a verdade" quando negou conhecer as atividades ilícitas de Carlinhos Cachoeira.

Segundo Costa, o senador usou o mandato para atuar em favor dos interesses de Cachoeira e mantinha mais que "relações sociais" com o empresário, de quem é amigo.

Demóstenes é investigado pelo Conselho de Ética por sua ligação com o empresário do ramo de jogos de azar. Em seu relatório, Costa o acusou de obter "vantagem indevida" por ter recebido presentes de casamento e um rádio Nextel de Cachoeira -mais um indício da quebra de decoro que, segundo o senador, justifica a abertura de processo no conselho.

Ele elaborou seu parecer sem mencionar as escutas telefônicas da Polícia Federal que flagraram conversas de Demóstenes com Cachoeira. Como o STF (Supremo Tribunal Federal) ainda vai julgar a possível nulidade das escutas, Costa teme que a defesa do senador questione o parecer se houver menção a elas.

Em discurso no plenário da Casa no dia 6 de março, Demóstenes confirmou a sua amizade com Cachoeira, mas negou conhecer qualquer irregularidade cometida pelo empresário. Na ocasião, também disse que militou contra a legalização de jogos de azar durante o seu mandato.

Costa reuniu discursos e posições de Demóstenes em defensa da legalização da prática. Uma delas foi não ter colocado em votação projeto que criminalizava os jogos entre 2009 e 2010, quando foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça.

Demóstenes, segundo Costa, também fez discurso em 2003 defendendo a legalização dos jogos.

Pelo regimento do Senado, faltar com a verdade em plenário configura quebra de decoro e seria um motivo para a cassação do mandato, na opinião do relator.

O relatório de Costa será votado pelo conselho na semana que vem. Se for aceito, o processo começa oficialmente a tramitar. Costa não aplica penas a Demóstenes no relatório preliminar. Ele vai sugerir a perda do mandato, ou penas mais brandas, apenas no relatório final.

O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, pediu de cinco dias para se manifestar sobre o relatório. Ele criticou o fato de Costa ter baseado o texto em fatos que não foram listados pelo PSOL na representação que deu origem ao processo contra Demóstenes.

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