Índice geral Poder
Poder
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CACHOEIRAGATE / CPI

Delegado reforça ligação de Perillo com Cachoeira

Em depoimento à CPI, ele diz que governador vendeu casa diretamente a empresário

Tucano sempre negou negociação de imóvel com Cachoeira, com quem diz ter apenas uma relação superficial

ANDREZA MATAIS
RUBENS VALENTE
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

O delegado da Polícia Federal Matheus Mela, que coordenou a Operação Monte Carlo, afirmou ontem haver "indícios veementes" de que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), vendeu uma casa diretamente a Carlinhos Cachoeira.

A declaração, dada em depoimento sigiloso ontem à CPI, em Brasília, contradiz a versão do tucano, que sempre negou ter vendido o imóvel a Cachoeira.

De acordo com o delegado da PF, a casa do governador, que fica em um condomínio de luxo em Goiânia, custou R$ 1,4 milhão.

Os cheques para o pagamento, afirma, foram assinados por um sobrinho de Cachoeira, nos valores de R$ 400 mil (dois) e R$ 600 mil.

O delegado contou ainda que o nome do governador foi citado em 237 conversas telefônicas entre Cachoeira e pessoas do seu grupo, que são suspeitos de corrupção e de explorarem jogo ilegal.

Perillo vem sustentando que a casa "foi vendida para a empresa do senhor Walter Paulo Santiago, dono da Faculdade Padrão, de Goiânia" e que nunca fez negócios com Cachoeira, com quem diz manter apenas uma relação superficial.

Diante das declarações do delegado, afirmou ontem, porém, que "não observou o nome do emitente [dos cheques] pois a casa só seria escriturada após a devida quitação".

A Folha teve acesso à íntegra do áudio da sessão sigilosa na qual depôs o delegado. Perguntado pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), sobre se a casa na qual Cachoeira foi preso pertencia ao governador, o delegado respondeu: "Sim, pertencia ao governador".

E complementou: "Há indícios veementes de que o senhor Carlos Cachoeira adquiriu provavelmente essa casa. Foi feita uma interligação usando intermediário que seria o sobrinho do senhor Carlos, que teria dado cheques para pagar essa casa", contou.

Mela diz que é preciso investigação no Superior Tribunal de Justiça, corte que apura casos de governadores.

A Folha revelou em abril que diálogos interceptados pela PF mostram Cachoeira orientando um de seus auxiliares, o ex-vereador Wladimir Garcez, a entregar dinheiro na sede do governo goiano.

O delegado contou ainda que o governador teve dois encontros pessoais com Cachoeira e que o empresário tinha uma "cota" de cargos no governo de Goiás.

Perillo já confirmou que encontrou Cachoeira, quando teriam falado de incentivos fiscais a um laboratório do empresário. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que Perillo deveria ser ouvido "imediatamente".

O delegado citou ainda lista com 82 nomes que tiveram relações ou foram apenas citados em conversas de Cachoeira.

A lista inclui os nomes de ministros do Supremo Tribunal Federal, de governadores, senadores, deputados federais, prefeitos e até mesmo da presidente Dilma Rousseff.

O delegado reforçou que o fato de estarem citados não significa que tenham envolvimento com o grupo de Cachoeira.

Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, de Brasília

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.