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Dilma anuncia a Comissão da Verdade

Presidente indica advogada que a defendeu na ditadura para integrar equipe que investigará crimes do período

Divulgado depois de seis meses de espera, grupo terá psicanalista próxima ao PT e dois ex-auxiliares de FHC

LUCAS FERRAZ
KELLY MATOS
DE BRASÍLIA

Após quase seis meses de espera, a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem os sete integrantes que vão compor a Comissão da Verdade, criada para investigar violação aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988.

No grupo, de perfil identificado majoritariamente com a esquerda, incluiu a advogada que a defendeu quando foi presa e processada pela ditadura militar, nos anos 70.

Farão parte da comissão José Carlos Dias (advogado e ministro da Justiça no governo FHC), Gilson Dipp (ministro do STJ e do TSE), Rosa Maria Cardoso da Cunha (amiga e ex-advogada de Dilma) e Cláudio Fonteles (procurador-geral da República no governo Lula).

Completam a lista Maria Rita Kehl (psicanalista próxima ao PT paulistano), José Paulo Cavalcanti Filho (advogado pernambucano) e Paulo Sérgio Pinheiro (presidente de uma comissão da ONU sobre a Síria e secretário de Direitos Humanos sob FHC).

A cerimônia de posse dos integrantes será no próximo dia 16, com a presença dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes do anúncio oficial, Dilma se reuniu com integrantes da comissão e os ministros das áreas relacionadas, como Justiça, Defesa e Direitos Humanos.

Entre os escolhidos, a mais próxima de Dilma é a advogada Rosa Maria. Ela também defendeu Carlos Franklin Paixão de Araújo, ex-marido da presidente, entre outros presos políticos. Aos 65 anos, é dona de um escritório de advocacia no Rio de Janeiro.

Presa no início de 1970, Dilma foi condenada pela Justiça Militar de três Estados: Rio, Minas e São Paulo. Ela foi torturada na prisão, que só deixou no fim de 1972.

PRESSÕES

No início do ano, militares fizeram pressão contra a comissão, chamando-a de revanchista. Em fevereiro, oficiais da reserva criticaram a presidente por ela não ter demonstrado "desacordo" com ministras e dirigentes do PT que cobravam a investigação de crimes da ditadura.

Depois, uma lista com mais de mil assinaturas de militares da reserva e até civis reafirmou os ataques dos clubes militares ao governo.

A Comissão da Verdade vai investigar e narrar violações aos direitos humanos entre 1946 e a promulgação da Constituição, em 1988. No entanto, o foco dos trabalhos será a ditadura militar, que se arrastou de 1964 a 1985.

O grupo apontará responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos políticos. A Lei da Anistia, de 1979, impede a punição dos acusados pelos crimes no período.

A comissão terá prazo inicial de dois anos e resumir suas conclusões em relatório.

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