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Governo promete agir para evitar que dólar ultrapasse os R$ 2

Caso cotação supere esse limite, Banco Central deve parar de comprar a moeda, contribuindo para a queda

Preocupação da equipe econômica é que valorização excessiva do dólar contribua para o aumento da inflação

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
MARIANA CARNEIRO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O governo Dilma ligou o alerta por conta da alta do dólar e irá usar sua "munição" para evitar que a moeda norte-americana dispare e fique acima de R$ 2,00.

Segundo a Folha apurou, a equipe econômica avalia que, para não gerar impactos negativos sobre a inflação, a cotação do dólar deve ficar num patamar girando na casa de R$ 1,95.

O dólar mais caro passou a preocupar o governo depois que foi divulgado o IPCA de abril, que registrou alta de 0,64% -bem acima do 0,21% de março passado. O índice serve de referência para as metas do Banco Central.

O resultado do índice oficial de inflação veio acima das expectativas da equipe da presidente Dilma, mas a previsão é que nos próximos meses ele volte a cair, não causando grandes preocupações, segundo técnicos.

O receio é que o dólar continue subindo, o que pressionaria a inflação -já aconteceu em abril, mas ainda sem grande relevância-, pondo em risco os planos do Banco Central de seguir reduzindo os juros e de segurar a inflação próxima de 5% no final do ano.

Ontem, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, destacou que a valorização da moeda americana no Brasil ocorre simultaneamente em outros países, o que indica um movimento de fortalecimento internacional do dólar.

"O real, nesta semana, se desvalorizou menos do que o peso mexicano, o dólar neozelandês, o dólar australiano e o rand sul-africano. Ou seja, nesses últimos dias, o que vimos foi um movimento internacional de fortalecimento do dólar", disse.

Tombini afirmou que essa alta do dólar está no radar do BC. "Vamos ver onde esse processo internacional se estabiliza. Certamente, no BC, continuaremos avaliando os impactos de todos os fatores econômicos sobre a inflação, inclusive o câmbio."

Dentro do governo, apesar da preocupação com a alta do dólar, técnicos destacam que, hoje, seu peso é menor do que no passado sobre a inflação.

Por enquanto, o governo mantém avaliação de que será possível manter a trajetória de queda da inflação -mesmo com a alta surpreendente de abril, no acumulado em 12 meses a taxa caiu de 7,31% em setembro de 2011 para 5,10%.

Motivos: avalia-se que o ritmo da economia brasileira está fraco neste primeiro semestre e que só vai reagir, de fato, no segundo. Além disso, o preço das commodities está em queda no mercado internacional, e o cenário mundial é deflacionário.

Ou seja, a equipe econômica não enxerga combustível para a inflação sair do controle. Os riscos, segundo técnicos, estão num eventual choque do petróleo ou disparada do câmbio.

No caso do dólar, o governo já decidiu que irá agir.

Na avaliação de técnicos, basta que o BC pare de fazer compras no mercado como vinha fazendo.

Ontem, por exemplo, ele não fez intervenções, e o dólar fechou em baixa de 0,53%, cotado a R$ 1,952.

Em abril, o Banco Central comprou US$ 7,22 bilhões, a maior intervenção desde março do ano passado, o que ajudou a levar o valor da moeda norte-americana para acima de R$ 1,90.

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