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Analistas duvidam de ação para conter dólar

Cotação da moeda americana volta a subir com crise externa e passa de R$ 2

Presidente afirma que real estava muito valorizado em relação ao dólar e que isso prejudicava o país

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

A cotação do dólar voltou a subir e ontem fechou a R$ 2,002, o que não ocorria desde julho de 2009, quando o Brasil sofria os efeitos da crise financeira global.

Mas, diferentemente dos últimos dias, analistas estão mais céticos quanto a uma intervenção imediata do Banco Central contra essa escalada.

A alta do dólar provoca aumentos de custos para as indústrias e pode gerar inflação no Brasil. Mas, na contramão desse movimento, os preços das matérias-primas despencam no exterior, devido às incertezas na Grécia e ao desempenho anêmico das economias dos EUA e da China.

Em maio, o índice CRB, que reúne preços das principais commodities, recuou 2,38%. O petróleo no mercado americano caiu 10% e ontem teve o valor mais baixo do ano.

Aliado a um crescimento interno ainda fraco, dizem analistas, o BC ganha tempo para aferir repercussões do câmbio sobre a inflação.

O economista Natan Blanche, sócio da consultoria Tendências, observa que na última vez que o BC interveio para conter a alta da dólar, no ano passado, a inflação estava acima de 7%. Agora, ela está mais baixa, em 5,1%.

Ainda assim, afirma ele, o governo não deve relaxar:

"O câmbio tem efeito imediato de aumento sobre os preços. A resposta, com aumento de juros e contenção de preços, é mais demorada".

Para Fábio Ramos, da Quest Investimentos, uma valorização do dólar até R$ 2,10 não deverá preocupar o BC.

"Somente porque a atividade está fraca e as commodities em dólares estão com preços em queda", diz.

"Mas também não escaparemos de uma inflação acima da meta num ano de crescimento baixo, entre 2,5% e 3,5%" afirmou ele.

O governo incentiva a valorização do dólar para dar competitividade à indústria e impulsionar o crescimento.

Ontem, a presidente Dilma Rousseff disse que o real valorizado prejudica o país.

"Ainda que nos últimos dias, por vários fatores, isso tenha se alterado, nós tivemos taxas de câmbio extremamente sobrevalorizadas", afirmou a presidente.

Para Dilma, o real valorizado, os juros altos dos bancos e a carga tributária são entraves ao crescimento.

Os sinais negativos vindos do exterior derrubaram as apostas para os juros futuros. Em janeiro, as apostas apontam para a taxa abaixo de 8%, apesar do dólar mais alto.

Para Rodrigo Trotta, do Banco Banif, o BC só deverá atuar caso se verifique escassez de moeda no mercado, o que ainda não foi detectado.

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