Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
BC tenta conter alta, mas dólar vai a R$ 2,08 Intervenções do governo no câmbio intensificam alta da moeda no Brasil Ministro afirma que novo patamar do dólar eleva competitividade da indústria, mas analistas vêem riscos MARIANA SCHREIBERDE SÃO PAULO O Banco Central agiu pesadamente ontem para segurar a alta do dólar, mas não conseguiu impedir mais uma forte valorização da moeda. O BC fez uma operação no mercado futuro equivalente à venda de US$ 2,2 bilhões, valor considerado alto por analistas. Apesar disso, o dólar subiu 1,6%, para R$ 2,08, maior cotação em três anos. O dólar está em alta em todo o mundo devido às incertezas na Europa. No entanto, a divisa vem subindo com mais força no Brasil por causa das medidas que o governo adotou nos últimos meses para desvalorizar o real. A taxação de operações de venda de dólar no mercado futuro, por exemplo, intensifica os movimento de alta da moeda americana, dizem analistas. No ano, o real recua 11% ante o dólar, maior queda entre 16 moedas. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Comércio e Indústria) afirmou ontem que o dólar pouco acima de R$ 2 torna a indústria mais competitiva. "Temos que assegurar um patamar adequado para o câmbio. Hoje o dólar está pouco acima de R$ 2, quero crer que é um valor adequado para a indústria", disse. Apesar de reconhecer que o dólar nesse patamar é "preocupante" para as importações, ele frisou que por outro lado beneficia exportações. Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, "o câmbio está sem teto", ou seja, deve subir mais no curto prazo. Segundo ele, o contínuo discurso do governo de que o dólar alto é melhor para a indústria deixou o mercado sem parâmetro para o câmbio. "Sem saber se a moeda vai continuar subindo, investidores e empresários antecipam as compras, o que pressiona mais a alta do dólar". O BC, que vinha comprando dólares e alimentando a alta da moeda, passou a vender a divisa não porque esteja incomodado com a alta, avalia Perfeito, mas porque quer evitar um salto muito rápido da taxa de câmbio. "Estamos numa zona de incerteza muito grande. Essa instabilidade no dólar afeta o planejamento dos empresários e traz riscos para a inflação", nota Alfredo Barbutti, da BCG Liquidez. Ontem, também foi um dia de forte instabilidade na Bolsa de São Paulo, que caiu 2,74%. Segundo Perfeito, os investidores reagem ao fraco desempenho da economia e à queda do real, que torna o investimento aqui menos atrativo. Em dólar, a bolsa tem queda de 20% em maio. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |