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Eleições 2012

Divergência com governo faz SP ficar sem verba para creche

Petistas acusam Kassab de não se mexer para obter recursos previstos em programa do governo federal

Segundo administração municipal, imbróglio burocrático com Ministério da Educação impediu uso do dinheiro

PAULO GAMA
DE SÃO PAULO

Um duelo burocrático entre o Ministério da Educação e a Prefeitura de São Paulo é apontado pelas duas partes como o principal responsável pela retenção de recursos federais para a construção de creches na cidade.

Desde setembro passado, quando o governo incluiu no Pró-Infância a previsão de destinar R$ 240 milhões até 2014 para a construção de 172 unidades na cidade, nenhum centavo deixou o Planalto.

Caso fosse aplicado, o dinheiro poderia suprir cerca de um terço do atual déficit de vagas na capital.

O ministério culpa a administração municipal: diz que não liberou recursos porque nenhum projeto foi apresentado entre outubro de 2011 e janeiro de 2012, período em que as prefeituras deveriam cadastrar suas solicitações.

A prefeitura reconhece não ter incluído seus pedidos, mas afirma que antes disso, em junho de 2011, enviou um ofício ao ministério pedindo recursos para a construção de 120 unidades.

O pedido foi recusado pela pasta por não ter sido feito no sistema eletrônico que centraliza solicitações.

A prefeitura diz que, como seu cadastro no sistema estava pendente, recebeu da própria pasta a orientação de fazer o pedido por ofício.

Com a proximidade da disputa pela sucessão de Gilberto Kassab (PSD), a briga entre o ministério e a prefeitura ganhou peso eleitoral: o deficit de vagas nas creches da cidade -que saltou de 58 mil em dezembro 2008 para 124 mil em março deste ano- é um dos temas da campanha.

Em discursos, o ex-ministro da educação e pré-candidato do PT, Fernando Haddad, acusa a administração Kassab -que apoia José Serra (PSDB)- de não ter se mexido para obter os recursos.

"O dinheiro está disponível, é o poder local que não quer. A recusa não faz sentido", disse Haddad em abril.

A prefeitura rebate as críticas e "reafirma que deseja contar com os recursos do governo". Segundo ela, a negativa ao ofício a levou a iniciar licitação de unidades, inviabilizando a inclusão no programa federal.

Ao Ministério Público, a prefeitura disse que não conseguiu aprontar a documentação a tempo. A Promotoria move ação contra Kassab por suspeita de improbidade devido ao deficit de vagas.

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