Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cachoeiragate

Delta recorre à Justiça para evitar falência

Empreiteira alvo de CPI diz ser vítima de 'bullying empresarial' e busca proteção para negociar com credores

Construtora afirma que denúncias fizeram com que administrações públicas parassem de honrar pagamentos

CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

Em uma tentativa de evitar sua falência, a construtora Delta -um dos principais alvos da CPI do Cachoeira- apresentou ontem à Justiça do Rio de Janeiro um pedido de recuperação judicial.

Com isso, a empreiteira, maior recebedora de recursos federais desde 2007 e a sexta maior construtora do país, reconhece oficialmente sua debilidade financeira.

Na recuperação judicial, a execução de dívidas fica suspensa por 60 dias. Até lá, a Delta terá que apresentar à Justiça um plano para pagamento a seus credores. Para dar continuidade às obras que toca, a construtora deverá fazer compras à vista.

Se reprovar a proposta -possibilidade considerada remota-, o juiz que receber o pedido decretará a falência da empresa. Se aprovar, o plano é submetido ainda a uma assembleia de credores.

'BULLYING'

Em nota, a empresa disse que, apesar de seus ativos serem superiores às suas dívidas, a suspeita de envolvimento da Delta no esquema de Carlinhos Cachoeira fez com que ela sofresse "uma espécie de bullying empresarial" e "administrações públicas" pararam de "honrar os pagamentos" à construtora. "A situação financeira da Delta tornou-se insustentável."

Desde que as investigações sobre Cachoeira indicaram que ele agia como um lobista da empresa -o que a empreiteira nega-, a Delta já saiu de grandes obras, como um complexo petroquímico e uma refinaria da Petrobras e a reforma do estádio do Maracanã, todas no Rio.

À Folha, em abril, o sócio majoritário Fernando Cavendish já afirmara que a Delta iria "quebrar". "O cliente [governo], que é um cliente político, abre sindicâncias para mostrar isenção. Suspende pagamentos. Cria-se um clima péssimo na empresa. Os bancos vão suspender nossa linha de crédito", completou ele.

A Folha apurou que, no mês passado, a Delta teve gastos de aproximadamente R$ 200 milhões para realização de suas obras. Mas entraram em caixa R$ 150 milhões.

A crise agravou-se após o governo admitir a possibilidade de declará-la inidônea, o que impediria contratos futuros com a União.

A situação piorou na sexta, quando a holding J&F anunciou a decisão de desistir da compra da construtora. Vinte dias após o grupo assumir a gestão da empreiteira, o contrato foi rescindido.

A quebra de sigilo da Delta pela CPI pesou para a decisão. Os bancos suspenderam o crédito da construtora.

A Delta tem R$ 1,1 bilhão a receber do governo, além de R$ 300 milhões em equipamentos. Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), os contratos federais não devem ser afetados pelo pedido de recuperação judicial.

Colaborou DIMMI AMORA, de Brasília

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.