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Mercado revisa crescimento para baixo

Pesquisa do BC com analistas mostra expansão de 2,72% neste ano, mas já existem apostas mais pessimistas

Economistas atribuem alteração a desempenho negativo da indústria e dos investimentos no início deste ano

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

A demora na reativação da economia tem levado analistas do mercado financeiro a rever as projeções de crescimento neste ano para perto de 2%, abaixo do verificado no ano passado (2,7%) e distante do que almeja o governo (pelo menos 3%).

Levantamento semanal do Banco Central com uma centena de instituições financeiras e consultorias (pesquisa Focus), divulgado ontem, aponta que a maioria dos analistas já têm no radar um crescimento de 2,72% neste ano, semelhante ao de 2011.

As revisões ocorrem após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, na sexta-feira. O crescimento no período foi de 0,2% ante o quarto trimestre de 2011, abaixo do esperado pelo mercado.

Como o número foi conhecido só no último dia de coleta de opiniões pelo BC, as correções baixistas podem estar só no início, dizem analistas.

Algumas instituições, como Itaú e Bradesco e a consultoria LCA, ainda estão refazendo suas projeções. Isso deve provocar nova baixa nas próximas sondagens.

O economista-chefe da corretora Votorantim, Roberto Padovani, reviu ontem sua projeção para o crescimento econômico deste ano, de 2,9% para 2,2%.

"Existe uma retomada em curso, mas está mais atrasada do que esperávamos", diz.

Na avaliação do economista, no segundo semestre, a economia deverá crescer com mais vigor, respondendo aos estímulos do governo. Mas não a tempo de produzir um resultado mais elevado para o fechamento do ano.

A leitura parece ter eco no mercado. A aposta para o crescimento em 2013, segundo pesquisa do BC, não se alterou e está em 4,5%.

Mesmo com esperada recuperação na segunda metade do ano, há previsões mais pessimistas. A consultoria Tendências estima um crescimento de 1,9% em 2012.

"O menor otimismo com a recuperação está ligado à piora no cenário externo e também na percepção dos agentes em relação à economia brasileira", afirma a economista Alessandra Ribeiro.

Economistas culpam o desempenho negativo dos investimentos no primeiro trimestre -e dados ainda decepcionantes no segundo trimestre- como o motivo da lenta retomada.

"A indústria está evoluindo mas ainda não está crescendo", afirma o economista do Itaú, Aurélio Bicalho.

Em reação, o governo preparou mais ações para alavancar o investimento e a indústria, que devem ser anunciadas hoje pelo BNDES.

Mesmo com a atividade mais fraca, recuaram levemente as estimativas de inflação neste ano. A previsão majoritária para inflação medida pelo IPCA caiu de 5,17% para 5,15%.

Ainda assim, a estimativa é que os juros continuem caindo dos atuais 8,5% para 8%, segundo a pesquisa do BC. No ano que vem, analistas baixaram a projeção dos juros, de 9,5% para 9,38%.

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