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Um dia depois de pacote, BC reduz projeção de aumento do PIB a 2,5%

Apesar da revisão, equipe do ministro da Fazenda reafirma que espera um crescimento maior

Mesmo com redução, Banco Central eleva a sua expectativa de inflação para 4,7% por conta da alta do dólar

DE BRASÍLIA

Um dia depois de o governo lançar mais um pacote para estimular a economia, o Banco Central reduziu sua projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2012 de 3,5% para 2,5%.

Mesmo com a intensificação dos efeitos negativos da crise internacional sobre a indústria, até o fim do mês passado o ministro Guido Mantega (Fazenda) ainda dizia que a economia cresceria entre 3% e 4% este ano. Anteontem, ao lançar programa de compras governamentais, o ministro reafirmou que espera um PIB acima de 2,5%.

E a linha cruzada entre BC e Fazenda se manteve ontem. Apesar da revisão do crescimento pela autoridade monetária, o secretário de Política Econômica da pasta, Márcio Holland, afirmou que o PIB de 2012 será "mais vigoroso" do que os 2,7% de alta observados em 2011.

No relatório, o BC destacou a deterioração do cenário na Europa e os efeitos sobre a economia brasileira. O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, também citou o fato de o resultado do PIB ter vindo fraco no primeiro trimestre, e de a recuperação ocorrer de forma "bastante gradual".

No primeiro trimestre, a atividade econômica se expandiu somente 0,2% na comparação com os últimos três meses do ano passado.

"É adequação à realidade", afirmou a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), ao ser questionada sobre a nova avaliação do BC.

A projeção do BC ainda está um pouco acima da do mercado, que aposta numa expansão de 2,18%. "Essa projeção de 2,5% é possível, mas me parece pouco provável", disse Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco.

O ritmo baixo da atividade vem preocupando o governo desde o início do ano, o que levou a presidente Dilma a anunciar estímulos como redução do Imposto sobre Produtos Industrializados para diversos produtos e R$ 6,6 bilhões em compras da União.

Ontem, em Salvador, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) se referiu aos pacotes de estímulo como "palavras de otimismo" diante da crise que afeta a Europa.

Mesmo com o prognóstico de menor crescimento, o BC elevou sua expectativa para a inflação oficial de 2012 por conta da alta do dólar sobre as importações. Se antes projetava uma alta de 4,4% do IPCA em seu cenário de referência, agora espera 4,7%.

A projeção fica algo acima do centro da meta de inflação, que ontem foi mantida em 4,5% pelo Conselho Monetário Nacional para 2014.

A meta está em 4,5% desde 2005, e admite tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Nesse período, em apenas três anos a inflação ficou nesse patamar ou abaixo. Em 2011 o IPCA ficou exatamente no teto estipulado, em 6,5%.

(MAELI PRADO)

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