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Redução de IPI para carros faz a inflação perder fôlego

IPCA em junho chega ao menor nível desde agosto de 2010 e se aproxima de meta

Especialistas alertam, porém, que resultado pode representar uma recuperação mais lenta da economia neste ano

PEDRO SOARES
DO RIO

Ao reduzir o IPI para veículos, o foco do governo era estimular a economia num momento de crise, mas o tiro foi mais certeiro na inflação.

Graças à queda mais intensa do que a prevista no preço dos automóveis, o IPCA, índice de inflação oficial do país, registrou em junho o menor nível em quase dois anos.

Com o recuo de 5,48% no preço dos veículos, a inflação de 0,08% em junho foi a menor desde agosto de 2010. É uma desaceleração forte se comparada com o resultado de maio, de 0,36%.

Em 12 meses, o indicador acumula alta de 4,92% -o menor patamar desde setembro de 2010, segundo o IBGE.

Desde outubro, quando a economia passou a perder ritmo com mais intensidade, a inflação vem subindo menos.

Especialistas já revisam suas projeções para 2012 e creem em novas rodadas de redução da taxa de juros a fim de estimular a economia.

O recuo da inflação em junho, ainda que localizado em produtos de grande peso no orçamento das famílias (além de veículos, energia, álcool e gasolina também caíram), deve levar o IPCA a uma taxa pouco acima do centro da meta neste ano (4,5%), segundo Thiago Curado, analista da consultoria Tendências.

O Itaú prevê inflação de 4,9% em 2012. No ano passado, o índice cravou no topo do meta -6,5%.

INADIMPLÊNCIA

Para Nelson de Souza, professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), a freada do consumo e a inadimplência crescente limitam, porém, os reajustes.

É que, diz ele, as empresas deixam de repassar aumentos de custos ou reduzem preços para não perderem vendas. Tal movimento explica, por exemplo, a queda rápida dos veículos e mais intensa do que o esperado.

Desse modo, sem uma recuperação firme da economia à vista, a inflação deve se manter sob controle.

Curado, da Tendências, ressalva, porém, que, em julho, os veículos não devem ajudar tanto a segurar o IPCA, pois o benefício do desconto do IPI já foi incorporado integralmente ao preços em junho.

Já Elson Teles, do Itaú, prevê aumento dos preços dos alimentos nos próximos meses sob impacto do reajuste das cotações de internacionais que sobem quebras de safra e clima desfavorável em grandes produtores agrícolas, como os EUA.

Em junho, os alimentos se mantiveram num patamar elevado (0,68%). Segundo o IBGE, problemas climáticos no Brasil diminuíram a safra de importantes produtos como soja, arroz e feijão, o que explica a alta dos preços mais intensa dos alimentos em 2012.

Pouco sentida no IPCA de junho, outra fonte de preocupação para novos reajustes é a alta recente do dólar, segundo o professor do Ibmec. Em junho, a pressão já foi sentida no preço do pão francês -o Brasil importa trigo.

Analistas dizem, porém, que o impacto do câmbio dependerá sobretudo do nível de atividade da economia nos próximos meses.

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