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Debate sobre megalópoles reflete o caos de seu objeto

Com toques multimídia, antropólogo brasileiro Roberto DaMatta e jornalista indiano Suketu Mehta falaram sobre futuro das cidades

DO ENVIADO A PARATY (RJ)

Num encontro caótico, mas com momentos instigantes, que agradaram muito à plateia, o antropólogo brasileiro Roberto DaMatta e o jornalista indiano Suketu Mehta analisaram os aspectos econômicos e sociais das megacidades da Índia e do Brasil.

A mesa, mediada pelo arquiteto e ensaísta Guilherme Wisnik, teve como ponto de partida o livro "Bombaim: Cidade Máxima" (Companhia das Letras), em que Mehta narra as mudanças que viu ao regressar à maior cidade indiana (atual Mumbai), após 21 anos nos EUA.

"Venho de uma civilização com 5.000 anos de história. Quando voltei, o que se discutia era como saltar para o século 21 sem que houvéssemos passado pelo 20."

Ele leu dois trechos de sua obra para pontuar aspectos que lhe chamaram a atenção na "nova Bombaim": a profunda e violenta divisão entre hindus e muçulmanos e a crescente superpopulação.

DaMatta, que parecia meio deslocado em alguns momentos, classificou a obra de seu colega de mesa como "um tijolaço", mas a elogiou.

"É um livro que todos os interessados nessa reviravolta que está ocorrendo com a crise europeia e com essa mudança de paradigmas eurocentrados devem ler", disse.

"Hoje, temos a obrigação de nos repensarmos não mais em termos de exceção ou marginalidade em relação a cidades como Paris, Londres, Nova York. Somos modelos de cidades do futuro, com todos os seus problemas."

O encontro tentou se aproveitar de recursos multimídia, como canções e um vídeo de Bollywood que falavam sobre cidades, mas que não funcionaram muito bem.

Os debatedores encerraram falando sobre o papel das favelas no futuro das metrópoles, momento dos mais aplaudidos do encontro.

Mehta, que passou um mês em comunidades do Rio, em dezembro passado, disse ter ficado espantado com a "incrível correspondência com o cenário de Bombaim".

"O que nós chamamos favela, eles chamam comunidade. E são realmente vilas dentro da cidade", disse.

DaMatta encerrou apresentando as favelas como um espelho da sociedade.

"Somos uma sociedade desigual, hierarquizada. Enquanto a sociedade se organizar assim, mesmo que a gente remodele as favelas, elas vão reproduzir esse sistema."

(MAC)

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