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Cerca de 6.000 fiéis acompanham velório de d. Eugenio Sales no Rio

Cardeal, que comandou arquidiocese por 30 anos, morreu de infarto enquanto dormia, aos 91

Pomba branca, símbolo do Espírito Santo para a igreja, pousou no caixão e ficou durante toda a tarde perto do corpo

DO RIO

A cena surpreendeu aqueles que acompanhavam a chegada do corpo do cardeal arcebispo emérito do Rio, dom Eugenio Sales, ontem ao meio-dia à Catedral Metropolitana do Rio.

Uma pomba branca, solta por um voluntário da Cruz Vermelha, pousou sobre o caixão, depois desceu e ficou durante toda a tarde aos pés do corpo, enquanto cerca de 6.000 fiéis se despediam do religioso. Para os católicos, a pomba branca é o símbolo do Espírito Santo.

Dom Eugenio de Araújo Sales, 91, morreu de infarto às 22h30 de anteontem, enquanto dormia em sua casa no alto do Sumaré, zona norte do Rio. Pouco antes, às 18h30, havia jantado -sopa de legumes e frutas de sobremesa-, conversado e ido para seu quarto. Um ruído chamou a atenção dos acompanhantes, que entraram no cômodo e o encontraram morto.

Um dos mais influentes cardeais do Vaticano, dom Eugenio comandou a Arquidiocese do Rio ao longo de 30 anos (1971-2001).

No período, criou pastorais -grupos compostos por religiosos e leigos para atuar em áreas como atendimento a menores, entre outros-, idealizou a Campanha da Fraternidade e ajudou perseguidos políticos a sair do país, apesar de manter boas relações com o regime militar.

Defensor das tradições da Igreja Católica, foi um dos responsáveis pela derrocada da Teologia da Libertação, linha de pensamento que buscava unir princípios do catolicismo ao marxismo, no início dos anos 1980.

Ao lado do então cardeal Joseph Ratzinger, o atual papa Bento 16, ele impôs ao frei Leonardo Boff, defensor da corrente progressista, o chamado silêncio obsequioso -o impedimento de pregar.

"Ele apoiava a Teologia da Libertação. Mas dizia que tinha que ser aquela com sintonia direta com João Paulo 2º, que ele considerava o maior teólogo da libertação. A reflexão mais local, mais dinâmica, ele tinha mais dificuldade de aceitar e admitir", disse o professor de ciências da religião da PUC-SP Fernando Altemeyer.

"[Ele] Ensinou a todos o caminho da verdade na caridade e no serviço à comunidade, dando sempre maior atenção aos necessitados", disse, em nota, o papa Bento 16.

Também em nota, a presidente Dilma Rousseff destacou a "preocupação social" associada a sua trajetória.

O corpo de d. Eugenio será enterrado hoje às 16h, na Catedral Metropolitana do Rio.

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