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Constrangimento marca sessão no Senado

DE BRASÍLIA

Acostumados a absolver seus pares, os senadores não disfarçaram ontem o constrangimento na sessão que levou à cassação de Demóstenes Torres (sem partido - GO).

Do discurso de Humberto Costa, relator do caso no Conselho de Ética, que afirmou ontem viver um dia "muito difícil", ao silêncio da maior parte dos senadores presentes à sessão, a discrição dominou o plenário.

Até ontem, dos quatro senadores julgados em plenário, três haviam sido absolvidos. Isso porque a maioria dos processos contra os parlamentares nem sequer chegou a essa fase, sendo barrada no Conselho de Ética.

Em 2009, por exemplo, o senador José Sarney (PMDB-AP) escapou de pelo menos 11 representações por quebra de decoro no colegiado.

Anunciada a cassação, apenas três minutos após a votação, Demóstenes, antes símbolo da ética na Casa, saiu do plenário, cercado por seguranças e acompanhado apenas do advogado.

Ele havia sido o primeiro a chegar ao plenário. Trocou torpedos com familiares e recebeu apoio principalmente da mulher, Flávia.

A família estava no Senado, mas acompanhou a sessão do gabinete. Quando Demóstenes voltou à sala, já sem mandato, assessores emocionados o aguardavam.

Vários choraram, segundo relatos dos próprios funcionários. A porta de vidro que dá acesso às salas foi trancada para uma última reunião na qual agradeceu a todos. "Bola pra frente", disse o senador cassado à sua equipe.

Durante todo o dia, o telefone do gabinete não parou de tocar. A Folha presenciou secretárias atendendo ligações de populares prestando solidariedade a Demóstenes.

O aposentado Hilário Pereira, 56, foi um dos poucos cidadãos que acompanharam das galerias do Senado a sessão. Ele veio de Laguna, interior de Santa Catarina, para participar do "dia histórico". E defender Demóstenes.

Antes do final da votação, o site da agência de notícias do Senado informava que Demóstenes estava inelegível.

Segundo o Senado, a gafe foi uma falha técnica no processo de edição.

(ANDREZA MATAIS, FILIPE COUTINHO, GABRIELA GUERREIRO E ERICH DECAT)

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