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Análise

Revolução no setor pode começar com lição de casa

ALENCAR IZIDORO
EDITOR-ASSISTENTE DE “PODER”

O Bilhete Único mensal, prometido por Haddad, e os monotrilhos de Serra são promessas que podem até encher os olhos dos publicitários.

Afinal, a liberdade de andar de ônibus à vontade por um preço fixo (como em outras metrópoles do mundo) e as maquetes de trens como os da Disney (que já conquistaram até Levy Fidelix) passam uma imagem revolucionária.

Mas há efeitos colaterais.

Os R$ 400 milhões/ano estimados por Haddad com seu bilhete único mensal elevam os gastos da prefeitura com subsídios a ônibus em 50%.

Somadas às despesas que já existem hoje, é como se Haddad estivesse disposto a abrir mão de mais de R$ 1 bilhão do orçamento anual apenas com as subvenções -que poderiam servir para construir até 200 km de corredores de ônibus num mandato.

E vale a pena apostar nisso enquanto os ônibus seguem superlotados nos picos e demorados fora do rush?

O monotrilho de Serra tem como atrativo seu custo inferior ao do metrô -menos de metade do preço- e a implantação mais rápida.

Porém, é um sistema pouco difundido para carregar tanta gente. É mais usado para conectar aeroportos, com demanda inferior a 25 mil/hora -e não para mais de 40 mil/hora, como na linha 2.

Além do impacto visual -há temor de que as vigas tenham um "efeito minhocão".

Ao apostar em monotrilho, Serra também abre mão de uma quantia (que, dependendo do projeto, atinge até R$ 200 milhões/km) que poderia ser investida em corredores de ônibus (cujo preço, dependendo da obra, pode ser de um décimo desse).

Inovações merecem debate, são bem-vindas, mas a revolução do transporte começa às vezes só com a "lição de casa" -ônibus mais rápidos, menos lotados, intervalos mais regulares.

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