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Mensalão - o julgamento

Réus ligados ao PP negam que dinheiro era por voto

Advogado de Pedro Corrêa diz que os repasses eram para a campanha

Defensores tentaram desqualificar acusação da Procuradoria, que foi chamada de 'absurda', 'fantasiosa' e 'falaciosa'

DE BRASÍLIA

Os cerca de R$ 3 milhões recebidos pelo PP em 2004 se destinavam a financiar campanhas políticas nas eleições municipais daquele ano, fruto de um acordo com o PT.

Esta foi a justificativa apresentada ontem por Marcelo Leal, advogado do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), então presidente do partido. Leal negou a existência de pagamento a parlamentares em troca de apoio no Congresso.

O dia de ontem, sexto de julgamento do mensalão, foi quase todo destinado às defesas dos parlamentares e funcionários do PP. Segundo o Ministério Público, eles teriam negociado os repasses dos recursos ao partido para garantir o apoio nas votações de interesse do governo Lula.

Os réus são acusados dos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Tal como nos dias anteriores, os advogados atacaram a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República, chamando-a de "fantasiosa", "falaciosa" ou "absurda".

Leal alegou que não há relação entre saques e votações no Congresso, o que provaria a "inexistência do mensalão". O advogado disse que Corrêa nem sequer participou de uma das votações citadas pela Procuradoria, a da reforma tributária: "Como ele é chefe da quadrilha se ele não vota? A acusação inovou".

"Todos os recursos repassados diziam respeito à campanha política e não a compra de deputado no Congresso Nacional. Eram destinados à campanha política de 2004, decorrente de um acordo entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido Progressista."

Para desqualificar a denúncia, ele afirmou, em tom irônico, que o Ministério Público "esqueceu" o que interessava e deixou de denunciar 16 pessoas que integravam uma lista entregue pelo publicitário Marcos Valério de Souza, por comodismo.

MENSAGEIRO

Já a defesa do então líder do PP, Pedro Henry (MT), alegou que o procurador-geral, Roberto Gurgel agiu "sem lealdade" para manter a fantasiosa redação da denúncia.

Segundo o advogado José Antonio Duarte Álvares, Henry era responsável pela negociação política, papel inerente aos lideres partidários, e não tinha conhecimento sobre a área financeira do PP.

Acusado de ter participado das negociações para a obtenção dos R$ 3 milhões, Álvares disse que ele foi denunciado só por ser líder do partido, não por fatos concretos que o ligassem a atos ilícitos.

A defesa do ex-assessor do PP João Cláudio Genu, disse que ele foi um "mero mensageiro" e cumpriu ordens superiores ao realizar um saque no Banco Rural para repassar ao comando do partido.

Segundo a Procuradoria, o saque foi de R$ 1 milhão. Para o advogado, ele só foi denunciado para que os líderes do PP fossem incluídos na formação de quadrilha.

Seu advogado, Mauricio Maranhão de Oliveira, reforçou a linha dos advogados dos réus de desqualificar a denúncia. "Tudo [a denúncia] não passa de meras ilações. [...] A acusação do Ministério Público é vista, pelos olhos da defesa, como uma areia movediça".

A defesa do empresário e ex-sócio da corretora Bônus Banval Enivaldo Quadrado pediu nesta quinta-feira que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) sejam "técnicos" no julgamento do processo sobre o mensalão.

Ao longo de quase 50 minutos de argumentação, o advogado Antonio Carlos Pitombo afirmou que a denúncia do Ministério Público Federal criou "armadilhas" para os ministros ao tentar sustentar os crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

(FELIPE SELIGMAN, FLÁVIO FERREIRA, MÁRCIO FALCÃO, NÁDIA GUERLENDA e RUBENS VALENTE)

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