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Jornalismo de qualidade é bom negócio, diz executivo do 'NYT'

Gerente do serviço noticioso diz que jornal deveria ter começado antes a cobrar por conteúdo digital

Em outra palestra no congresso da ANJ, autor de livro clássico defende importância do jornalismo colaborativo

DE SÃO PAULO

O jornalismo de qualidade é importante para os cidadãos de todo o mundo e é também um bom negócio. Essa foi a mensagem do palestrante que abriu o nono Congresso Brasileiro de Jornais, ontem, em São Paulo.

Gerente do serviço noticioso do jornal "The New York Times", Michael Greenspon detalhou o sistema de cobrança de conteúdo digital que o diário americano adotou em março de 2011.

Conhecido pelo nome de "paywall poroso", esse modelo permite o acesso gratuito a alguns textos por mês e permite que apenas assinantes leiam sem restrições.

"Alguns gurus diziam que não ia dar certo. Agora esses mesmos gurus dizem que esse modelo só funciona para o 'NYT'", afirmou Greenspon. "O modelo pode funcionar para qualquer um que ofereça jornalismo de qualidade."

Ele comparou a situação do jornal hoje e há dez anos.

Segundo o executivo, o número de assinantes mais do que dobrou, superando agora 2 milhões. O total de leitores do site passou de 10 milhões, em 2002, para 45 milhões agora. E o modelo majoritariamente dependente de publicidade deu lugar a uma divisão mais igualitária entre receita de assinaturas e receita comercial (que cresceu 10% no primeiro ano de cobrança pelo conteúdo).

"Deveríamos ter começado a cobrar antes", afirmou Greenspon. Segundo ele, uma pesquisa feita com leitores do "NYT" indicou que 40% das pessoas aceitam pagar pelo jornalismo que consomem.

No Brasil, a Folha foi o primeiro jornal a adotar o "paywall poroso", em junho.

Em outra apresentação do congresso da ANJ, o americano Bill Kovach defendeu o jornalismo colaborativo.

"Temos de usar a internet para ter um envolvimento mais profundo do público. Isso o dinheiro não pode comprar." Kovach é autor do livro "Os Elementos do Jornalismo", clássico nas escolas.

Ele citou o furacão Katrina, em 2005, como exemplo de jornalismo colaborativo, pela participação do público nas narrativas. "O Katrina alterou o fluxo de informação do cidadão para a mídia e da mídia para o governo."

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