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Eleições 2012

Candidatos esquecem custos de promessas

Líderes da mais recente pesquisa Datafolha apresentam projetos, mas sem especificar o quanto deve ser empenhado

Despesa fixa soma 60% do Orçamento municipal; especialista alerta para novos gastos de custeio

PAULO GAMA
DE SÃO PAULO

A menos de dois meses do primeiro turno das eleições municipais, os principais candidatos a prefeito de São Paulo fazem promessas genéricas e sem detalhamento de custos que demonstrem sua viabilidade.

Celso Russomanno (PRB) e José Serra (PSDB) apresentaram, ao registrar suas candidaturas, programas com linhas gerais de atuação, sem propostas detalhadas.

Os dois vêm, no entanto, divulgando projetos pontuais a conta-gotas, no horário político ou em compromissos públicos. Mas as propostas nem sempre vêm acompanhadas dos custos.

Fernando Haddad (PT) apresentou um programa à parte do documento registrado na Justiça Eleitoral, mas os custos das propostas também não são especificados.

Questionado pela Folha, Russomanno disse que os projetos estavam em fase de estudos e que teria seu plano de governo completo "até a posse". A campanha de Serra não encaminhou os detalhamentos, e a de Haddad afirmou que os dados públicos são os já apresentados pelo candidato.

PARCERIAS

Mesmo sem detalhar as contas, os candidatos vêm dizendo que vão aproveitar parcerias com o Estado e com a União para ampliar os limites de investimento do Orçamento municipal e dar conta das promessas -a Lei de Diretrizes Orçamentárias aponta cerca de R$ 4 bilhões anuais para investimento.

Especialistas ouvidos pela Folha alertam para um ponto em relação às parcerias: elas ajudam a elevar os investimentos no município, mas não contribuem para manter as estruturas construídas.

"Esse é um problema que muitas vezes é ignorado neste momento de campanha. Não existe investimento, sobretudo na área social, que não venha acompanhado de um gasto corrente", diz o economista Francisco Lopreato, da Unicamp.

Para manter um hospital, por exemplo, especialistas estimam que a prefeitura tenha de gastar todo ano um valor igual ao usado para construí-lo. Em uma escola, os gastos anuais chegam a 70% do custo de construção.

PESO DA MÁQUINA

O gasto com o custeio da máquina já compromete quase 60% do Orçamento de São Paulo. Somado ao pagamento de juros e de funcionários, a despesa chega a 87%, segundo dados da Secretaria de Finanças municipal.

Além disso, as receitas correntes crescem a um ritmo menor que as despesas: subiram 6,3% com relação a 2011, ante 8,9% dos gastos.

Secretário de Finanças na gestão Erundina, Amir Khair, coordenador da área do plano de governo de Haddad, diz que existe margem para remanejar o Orçamento de modo que seja possível investir e custear a máquina.

Ele aponta como pontos a seguir tirar o melhor partido possível da arrecadação, rever contratos e renegociar a dívida do município com a União para que a prefeitura pague juros menores.

Em compromissos públicos e no plano registrado na Justiça Eleitoral, Serra também vem falando em renegociar a forma de pagamento da dívida municipal.

Além da renegociação, Russomanno pretende economizar cerca de R$ 600 milhões anuais, que, segundo ele, são gastos atualmente com consultorias.

Colaborou RODRIGO VIZEU, de São Paulo

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