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Ex-diretor da Dersa ataca 'ingratidão' da cúpula do PSDB

Em depoimento à CPI, Paulo Preto faz críticas a tucanos e reclama de demissão após entrega de obra do Rodoanel

Parlamentares tucanos elogiaram o engenheiro e não fizeram perguntas a ele, que disse nunca ter visto Cachoeira

DE BRASÍLIA

Ex-diretor da estatal paulista Dersa, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, responsável por obras rodoviárias paulistas entre 2007 e 2010, atacou ontem o que chamou de "ingratidão" de integrantes da cúpula do PSDB.

Paulo Preto, como é conhecido, citou o secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal; o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge; e o ex-tesoureiro do partido, Evandro Losacco.

O engenheiro também falou na existência de tucanos de "alta plumagem, que não aparecem por covardia".

"Pedi a Deus para ser convocado para essa CPI. Porque os incompetentes devem continuar com medo de mim. (...)Essa frase é para todos que foram ingratos. Fui demitido oito dias após entregar uma das maiores obras desse país [trecho sul do Rodoanel]."

Segundo o engenheiro, a ingratidão se deu em razão da não valorização do trabalho que executou à frente da Dersa, fazendo dentro do prazo obras importantes, disse.

Ele negou a acusação feita por tucanos, em 2010, de que teria embolsado R$ 4 milhões doados por empreiteiras para a campanha de José Serra (PSDB) à Presidência.

Questionado pela Folha, José Aníbal diz que "não deve rigorosamente nenhuma gratidão a este cidadão". Eduardo Jorge não retornou os contatos da reportagem. Losacco não foi localizado.

Apesar dos ataques, Souza poupou Serra. Havia a expectativa de que ele reproduzisse à CPI o teor de conversas que manteve com interlocutores na semana passada e jogasse parte da responsabilidade por eventuais irregularidades na Dersa ao ex-governador e hoje candidato à Prefeitura de São Paulo.

Os tucanos presentes à sessão não fizeram perguntas a Paulo Preto. Os dez minutos regimentais a que cada um tinha direito para fazer os questionamentos foram usados para elogiar a postura do engenheiro. Diante dos elogios, Paulo Vieira de Souza chegou a chorar.

O depoimento, que durou seis horas, pouco abordou o pivô da CPI, o empresário Carlinhos Cachoeira -Paulo Preto afirmou nunca tê-lo visto.

O engenheiro afirmou ainda ser colega de treinos e competições de triatlo do empresário Adir Assad, dono de empresas que, de acordo com membros da CPI, são de fachada e usadas como laranjas pela empreiteira Delta -da qual Cachoeira é sócio oculto, segundo a Polícia Federal. Mas Souza negou conhecer as atividades empresariais de Assad.

Também ontem, o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, apresentou-se à CPI e, confirmando a expectativa, disse que não responderia a perguntas, sendo logo dispensado.

Muito esperada no início dos trabalhos da comissão, sua aparição durou apenas nove minutos e meio.

JUSTIÇA

Paulo Souza afirmou que irá interpelar judicialmente a Folha devido a uma nota publicada ontem no "Painel", que descreve uma gravação feita pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, que investigou Cachoeira, em que um "Paulo Preto" é citado. O engenheiro nega que seja ele.

(BRENO COSTA E FERNANDO MELLO)

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