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Bilhete de Dilma faz Ideli negar acordo sobre o Código Florestal

Presidente diz que soube de acerto pelos jornais; ruralistas se irritam

DE BRASÍLIA

O governo voltou ontem a conflagrar o clima da votação do Código Florestal no Congresso ao negar ter aceito novas concessões à bancada ruralista para aprovar em comissão a MP (medida provisória) da norma ambiental.

A MP foi enviada ao Legislativo pela presidente Dilma Rousseff como um complemento aos vetos feitos por ela ao projeto do novo código.

Anteontem, integrantes de comissão mista do Congresso aprovaram relatório da MP com mudanças que reduzem o tamanho da área de recomposição de áreas desmatadas ilegalmente na beira dos rios.

A proposta, com as alterações, foi aprovada por meio de um acordo segundo o qual o texto não sofreria novas alterações nos plenários da Câmara e do Senado, por onde ainda precisar passar até o próximo dia 8 de outubro -quando perde validade.

Seria um raro momento de concordância na proposta legislativa que causou algumas das derrotas mais importantes ao governo no Congresso durante a gestão de Dilma.

Mas após a presidente, por meio de um bilhete, afirmar às ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) ter sido surpreendida pelo acordo estampado nos jornais, Ideli soltou nota dizendo que a votação "não teve aval ou concordância do governo federal".

A troca de bilhetes foi flagrado por fotógrafos que acompanhavam uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

ÔNUS POLÍTICO

A negativa do governo foi entendida por ruralistas como uma tentativa de transferência do ônus político pelas mudanças e levou parlamentares ligados ao agronegócio a dizer que o acordo de anteontem pode não ser mais cumprido.

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), por exemplo, previu novas discussões. "Tal atitude [de Ideli Salvatti] eliminou qualquer chance de acordo no plenário."

"A sessão que votou o código foi transmitida pela televisão. Você acha que o governo não acompanhou? E o líder do governo no Congresso estava na mesa quando foi feito o acordo. Isso não tem cabimento", disse o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Homero Pereira (PSD-MT).

Os ruralistas podem voltar a colocar no texto a eliminação de áreas de preservação permanente das beiras dos rios temporários do país. No acordo de anteontem eles haviam concordado em tirar esse ponto -rejeitado por governistas.

Após a reunião do conselho, Dilma disse que o governo "não assume responsabilidade por negociações que não foram feitas com a presença dele" e Izabella criticou as mudanças, que classificou como "um retrocesso" ambiental.

As declarações sinalizam que as alterações, se aprovadas, podem ser vetadas por Dilma.

(ERICH DECAT E JOHANNA NUBLAT)

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