Análise

Mensalão deixa clima de Fla-Flu e mostra tribunal amadurecido

O clima sobre o julgamento do mensalão, antes de ele começar, continha elementos claros de conflito futebolístico. Torcidas, ofensas, tensão.

No centro das disputas, uma dúvida acima das outras: a movimentação de recursos descoberta pelas CPIs era para compra de votos, como afirmou Roberto Jefferson, ou era mecanismo de financiamento de campanha, como diziam as defesas?

O Supremo parecia em xeque. Absolvições ou condenações poderiam gerar reações muito fortes. O debate entre relator e revisor parecia indicar um STF nervoso.

Aos poucos o clima tenso vai se arrefecendo.

Primeiro, pelo exame minucioso dos fatos que pôde ser feito por todos que acompanharam o julgamento após os debates dos ministros. Pode-se discordar do que foi decidido, mas o tribunal explicou as razões das decisões.

Colaborou também o fato de a divisão entre ministros pró-condenações ou pró-absolvições generalizadas não ter se confirmado.

Esse desfecho provisório demonstra que nossas instituições alcançaram um nível de maturidade maior do que muitos desconfiavam.

É verdade que até agora não se entrou na análise do mensalão propriamente dito.

Não é possível saber se a serenidade acompanhará todo o julgamento. Mas não há dúvidas de que o STF entrará no mensalão propriamente dito em condições muito melhores do que há um mês.

Felizmente, hoje, o ambiente é muito mais de debates republicanos do que de embates futebolísticos.