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Análise / Debate

Russomanno e Haddad buscaram se preservar

É difícil cravar o vencedor, mas é fácil dizer quem não ganhou; Serra, que busca frear queda, não teve desempenho excepcional

AOS 70 ANOS, SERRA LUTA PARA PARECER DEMONSTRAR VIGOR, MAS EMITIU UM SINAL OPOSTO

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Com todas as restrições legais impostas pela lei no Brasil (sobretudo a obrigação de que vários nanicos sejam convidados), a regra básica para políticos em debates na TV é simples: entrar para empatar ou para não perder. Até porque é muito difícil alguém ganhar votos nesses encontros. A vitória fica com quem sai do mesmo jeito que entrou.

O que era esperado entre os oito candidatos à Prefeitura de São Paulo que participaram do debate organizado pela Folha e pela RedeTV! eram ataques generalizados aos dois políticos que mais se fortaleceram nas pesquisas nas últimas semanas, Celso Russomanno (PRB) e Fernando Haddad (PT).

Mas eles acabaram sendo os quem mais conseguiram evitar demonstrar irritação, esquivando-se das armadilhas feitas pelos adversários.

No meio de uma pergunta sobre o mensalão para Haddad, coube a Russomanno fazer observações. "Não quero comentar ataques pessoais."

Haddad foi pressionado a falar sobre sua aliança com o PP, de Paulo Maluf. Não passou recibo e disse que não faz política fulanizando. "Quem tem de explicar o apoio é quem deu".

Já outros dois candidatos de partidos com grande tempo de TV, José Serra (PSDB) e Gabriel Chalita (PMDB), entraram em um bate-boca logo no início. Um chamou o outro de mentiroso, ainda que de forma oblíqua.

Em embates dessa ordem na TV, há também uma regra clássica: evitar ataques pessoais. Criticar um adversário acaba tendo, às vezes, o efeito inverso ao desejado.

Num dado momento, Serra quis dar uma estocada ao comentar uma fala de Russomanno. Disse que o presidente do PRB, Marcos Pereira, era da Igreja Universal e não um "católico fervoroso", a menos que tivesse ocorrido uma conversão. O tucano se enganou: Russomanno havia mencionado o ex-presidente José Alencar (1931-2011).

A derrapada de Serra foi mais engraçada do que corrosiva para o tucano. Mas ele, aos 70 anos, é o candidato com a idade mais avançada. Luta para parecer demonstrar vigor. De maneira subliminar, emitiu um sinal oposto.

É difícil cravar quem foi o vencedor. Mas é fácil dizer quem não ganhou.

Os nanicos não se destacaram. Serra, que luta para estancar sua queda nas pesquisas, tampouco teve um desempenho excepcional. E o tucano também soltou uma frase emblemática, talvez premonitória: "Ganhar ou perder eleição não melhora nem piora as pessoas".

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