Procuradoria 'se faz de cega', diz advogado

Em nova manifestação, entregue ao Supremo Tribunal Federal, a defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu criticou de novo a Procuradoria-Geral da República.

Segundo o documento elaborado pelo advogado José Luis Oliveira Lima, a acusação criou o "peculiar conceito" de "testemunha de referência" para dizer que os depoimentos escolhidos pelos defensores eram de pessoas que não tinham conhecimento direto dos fatos.

"A Procuradoria se faz de cega e prefere não enfrentar os inúmeros testemunhos diretos, produzidos sob o crivo do contraditório, que infirmam [enfraquecem] todos os indícios que suportavam a denúncia", diz Oliveira Lima.

Em um evento ontem, Gurgel disse ter uma "visão excelente, pelo menos com óculos". "Não houve cegueira por parte do Ministério Público."

BANCO RURAL

No último esforço para tentar reverter a tendência de condenação, os advogados dos executivos do Banco Rural também distribuíram memoriais (resumos do que a defesa alegou ao longo do processo) no STF. O julgamento será retomado hoje.

Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski, revisor, votaram pela condenação da dona Kátia Rabello e do ex-vice-presidente do banco José Roberto Salgado.

Os ministros apontaram crime de gestão fraudulenta na autorização de empréstimos ao PT e ao grupo empresarial de Marcos Valério.

Em nota, o Rural afirmou que Kátia disse, no memorial, não ser responsável pela classificação de risco dos empréstimos e que não autorizou a concessão deles; só concordou com duas renovações.

O advogado Márcio Thomaz Bastos disse que Salgado, seu cliente, também não autorizou concessão de crédito à Graffiti, uma das empresas de Valério.

A informação consta de uma auditoria do Banco Central e foi reproduzida pelo relator em seu voto, anteontem.

Bastos disse que há "erro" na informação -Salgado concordou com o empréstimo, mas não nas condições em que ocorreu.